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maio 30, 2010

Criador do Twitter defende o vegetarianismo

Por Annie Hartnett  
Tradução por Giovanna Chinellato (da Redação)
Quem iria imaginar que o Twitter era tão amigo dos animais?
foto do pássaro símbolo do twitterO co-fundador da rede, Biz Stone, se tornou vegan em 2001 depois de visitar a Farm Sanctuary. Ele leu um discurso num evento da organização na Califórnia no começo do mês, cujo tema foi “Comunicação e Compaixão: Usando a mídia social como uma força pelo bem”. O twitter pessoal de Biz (@biz) tem mais de 1,6 milhões de seguidores, e ele regularmente twitta a respeito de causa animal e ambiental.
Biz Stone também está promovendo lanches vegetarianos para escolas. Ele mandou uma carta a George Miller, membro do comitê de Casa Educação e Trabalho, em que escreveu: “centenas de milhares de estudantes pelo país não comem carne, de acordo com um estudo do Centro de controle e prevenção a doenças. Entretanto, esses pequenos vegetarianos dificilmente encontram alimentos saudáveis sem carne nas cantinas escolares.”
Biz Stone obviamente acredita no poder do alimento, porque a sede do Twitter em São Francisco oferece almoços e lanches veganos gratuitos aos seus empregados. As sedes também são pintadas sem uso de produtos tóxicos, que podem causar câncer em animais e pessoas. Muitos dos móveis são feitos de material reciclado. Existe até um piano no lobby, de acordo com a twittada de Biz Stone em 6 de abril.
Mas além de seu fundador, o Twitter é amigo dos animais porque você pode ser parte de uma comunidade que se importa com os animais. Existe uma leva constante de twittadas veganas. As pessoas trocam artigos e receitas veganas, assim como encorajamentos e frustrações. Confira aqui a lista dos veganos mais seguidos no Twitter.
Sou nova no Twitter (siga-me por @anniiemal), mas agora que sei que é um lugar tão amigo dos animais, estarei escrevendo 140 caracteres com mais frequência. Siga também a @changeAnimals.
Com informações da Animals Change
via ANDA

maio 26, 2010

O Vegetarianismo como Obrigação Ética

Departamento de Filosofia da Universidade de Lisboa
Centro de Ética Aplicada da Sociedade Portuguesa de Filosofia
Sociedade Ética de Defesa dos Animais | ANIMAL
Centro de Estudos de Direito dos Animais


Introdução


Fundamentalmente, há três possíveis vias de argumentação a favor do vegetarianismo: 1) o respeito pelos animais não-humanos, 2) a preservação do ambiente e 3) o cuidado com a saúde. Só as duas primeiras vias de argumentação é que são de ordem ética e, por isso, são apenas essas duas que vou analisar. Há ainda uma possível quarta via de argumentação a favor do vegetarianismo, que é o da eficiência económica, que pode também ter uma relevância ética, como procurarei demonstrar.

Neste artigo, defenderei que temos o dever ético de i) respeitar os animais não-humanos, de ii) preservar o ambiente e viver tão ecologicamente quanto possível, e de iii) ter um sistema de produção alimentar que seja o mais economicamente eficiente possível, essencialmente para corresponder às necessidades elementares de todos os humanos, e argumentarei que uma das implicações que se segue destes deveres é o vegetarianismo como obrigação ética.

Cientistas e filósofos em defesa dos animais

Seja contra touradas, transgénicos, indústria alimentar ou cobaias, existe sempre alguém disposto a lutar pelo bem estar dos animais e defendê-los do seu maior inimigo: o Homem

A defesa dos animais em Portugal é cada vez mais notícia de primeira página e é também caracterizada por um movimento que não cessa de crescer. Há várias organizações a surgir e a alinharem-se para actividades de protesto, que ganham no nosso país mais protagonismo durante a época tauromáquica. Uma dessas organizações é o Centro de Estudos de Direito dos Animais ( CEDA ), criado em 2001 e que pretende ser diferente na forma e no agir em defesa dos animais.


O CEDA pretende apresentar à generalidade das pessoas conclusões sólidas, de cariz científico, que explicam porque é que os animais devem ser respeitados e protegidos. Este centro de estudos também quer provar porque é que o vegetarianismo ou o veganismo são formas possíveis e saudáveis de alimentação e que não prejudicam a integridade física das animais.

maio 16, 2010

Debate MTV - Rodeios

Debate ocorrido dia 11/5/2010 (sem cortes) sobre o uso de animais para montaria em Rodeios. 
RODEIO
Participantes da Mesa:
Pelos animais 
- Leandro Ferro - fundador do coletivo Ativismo.com e OdeioRodeio.com;
- Carlos Cipro - advogado animalista;
- João Farias - vereador que conseguiu vetar (parcialmente) rodeios na cidade de Araraquara em 2010



Pró-rodeio
- Adriano Moraes - tricampeão mundial de rodeios em touros e criador de touros para rodeios;
- Tião Procópio - juiz de rodeio e tetracampeão do troféu Arena de Ouro;
- Dr. Orivaldo Tenório - pesquisador da Unesp na área de Medicina Veterinária e sócio honorário do clube “Os Independentes”.




Além dos links do YouTube que já estão nesse tópico, os vídeos também estão disponíveis no site da MTV




abril 14, 2010

Willie Nelson, Cantor americano luta contra a legalização do abate de equinos


Por Lilian Garrafa  (da Redação)
O que os estados americanos Missouri e Tennessee têm em comum? Ambos têm cavalos cuja raça leva o nome desses estados (Missouri Fox Trotter e Tennessee Walking Horse), e ambos querem legalizar o abate de cavalos para consumo humano.

Foto: Makelessnoise
No dia 7 de abril, uma subcomissão da Câmara de Tennessee aprovou uma lei para permitir o abate de cavalos. O projeto é patrocinado pelo republicano Frank Niceley e avança na legislatura estadual.
Mas os cavalos têm um defensor no Tennessee. Willie Nelson, o lendário cantor de música country, é um opositor ao abate de cavalos.
Willie Nelson denominou o projeto de “um passo para trás”. A filha e a neta de  Nelson se pronunciaram em nome dele na reunião de comissão do dia 7.
Nelson escreveu um artigo de opinião para o jornal The Tennessean, onde detalhou que os cavalos estão “muitas vezes conscientes enquanto são pendurados, amarrados, cortados e sangrados”, e como alguns permanecem “conscientes enquanto seus cascos são cortados”.
A carta de Willie Nelson também propõe programas de esterilização, de ajuda alimentar e um santuários de equinos.

Willie Nelson. Foto: Reprodução / Rolling Stone
Nelson luta há anos contra o abate de cavalos. Ele empenhou esforços para fechar casas de abate de equinos em 2006. E agora está apoiando a Lei Federal de Prevenção à Crueldade contra Equinos, que proibiria o abate de cavalos nos Estados Unidos. Essa lei também acabaria com a prática atual de exportação de cavalos para abate no México e no Canadá.
Se a lei federal for aprovada, os estados de Missouri e Tennessee podem perder qualquer esperança de abate de cavalos. Mas, até lá, o Tennessee Walking Horse deve andar bem longe do Tennessee.

Com informações de: Change.org

março 28, 2010

Trecho do livro Jaulas Vazias, de Tom Regan


REVISTA ÉPOCA
" DEFENSORES DOS DIREITOS ANIMAIS: AFINAL, QUEM SÃO VOCÊS?

Os animais têm direitos? Diversas pessoas dão diversas respostas. Às vezes as pessoas dão respostas diferentes por causa de uma discordância a respeito dos fatos. Por exemplo: uns acreditam que gatos e cães, galinhas e porcos não sentem nada; outros acreditam que sentem. Às vezes, diferentes respostas são dadas por causa de uma discordância a respeito de valores. Por exemplo: uns acreditam que os animais não têm valor nenhum, a não ser enquanto interesse dos humanos; outros acreditam no oposto. Divergências dos dois tipos são certamente importantes e serão exploradas adiante. Mas, mesmo sendo importantes, elas não tocam numa fonte mais básica de divisão de opiniões, que está relacionada exatamente à idéia dos direitos animais.
Algumas pessoas acham essa idéia a mesma coisa que "ser bondoso com os animais". Já que devemos ser bons com os animais, a inferência é óbvia: os animais têm direitos. Ou então elas pensam que direitos animais significam "evitar crueldade". Já que não devemos ser cruéis com os animais, a mesma conclusão procede: os animais têm direitos. Diante desses dois modos de entender os direitos animais, fica difícil explicar porque são tão polêmicos, com seus defensores de um lado, e opositores, de outro.
Essa controvérsia inflamada, muitas vezes ácida, que incita defensores contra opositores, nos informa que esses modos familiares de pensar (devemos ser bons para os animais; não devemos ser cruéis com eles) não conseguem captar o verdadeiro significado dos direitos animais. Acontece que o verdadeiro significado é, como veremos, ao mesmo tempo simples e profundo.
Os direitos dos animais é uma idéia simples porque, no nível mais básico, significa apenas que os animais têm o direito de serem tratados com respeito. E é uma idéia profunda porque suas implicações têm amplas conseqüências. Quão amplas? Eis alguns exemplos de como o mundo vai ter de mudar, uma vez que aprendamos a tratar os animais com respeito.

Vamos ter de parar de criá-los por causa de sua carne.
Vamos ter de parar de matá-los por causa de sua pele.
Vamos ter de parar de treiná-los para que nos divirtam.
Vamos ter de parar de usá-los em pesquisas científicas.

Cada exemplo ilustra a mesma lógica moral. Quando se trata de como os humanos exploram os animais, o reconhecimento de seus direitos requer abolição, não reforma. Ser bondoso com os animais não é suficiente. Evitar a crueldade não é suficiente. Independentemente de os explorarmos para nossa alimentação, abrigo, diversão ou aprendizado, a verdade do direito dos animais requer jaulas vazias, e não jaulas mais espaçosas."

A INVERDADE DOS RÓTULOS
Os opositores acham que direitos animais é uma idéia radical ou extrema, é não raramente rotulam os defensores dos direitos animais de "extremistas". É importante entender de que forma esse rótulo é usado como instrumento retórico para evitar a discussão informada e justa; do contrário, aumentam as chances de não termos uma discussão com esses atributos.
"Extremistas" e "extremismo" são palavras ambíguas. Em um sentido, extremistas são pessoas que fazem qualquer coisa para atingir seus objetivos. Os terroristas que destruíram as torres gêmeas do World Trade Center eram extremistas nesse sentido; estavam determinados a fazer de tudo para conquistarem seus fins, mesmo que isso significasse matar milhares de seres humanos inocentes.
Os defensores dos direitos animais (DDAs) não são extremistas nesse sentido. Vou repetir: os DDAs não são extremistas nesse sentido. Mesmo os mais combativos defensores dos direitos animais (os membros da Frente pela Libertação Animal, digamos) acreditam que haja limites morais absolutos para o que pode ser feito em nome da libertação animal: certos atos nunca devem ser cometidos, de tão ruins que são. Por exemplo, a Frente se opõe a ferir ou matar seres humanos.
Em outro sentido, a palavra extremista se refere à natureza incondicional daquilo em que as pessoas acreditam. Neste sentido, os defensores dos direitos animais são extremistas. De novo, deixe-me repetir: os DDAs realmente são extremistas, neste sentido. Eles realmente acreditam que é errado treinar animais selvagens a representar atos para o entretenimento humano, por exemplo. Mas, neste sentido, todo mundo é extremista. Por quê? Porque há algumas coisas às quais todos nós (espero) nos opomos sem restrições.
Por exemplo, todos que estão lendo estas palavras são extremistas, quando se trata de estupro; somos contra o estupro o tempo todo. Cada um de nós é um extremista quando se trata de abuso infantil; somos contra o abuso infantil o tempo todo. De fato, todos nós somos extremistas quando se trata de crueldade com os animais; nunca somos a favor disso.
A verdade pura e simples é que pontos de vista extremos são, às vezes, pontos de vista corretos. Assim, o fato de nós sermos extremistas, no sentido de termos crenças incondicionais a respeito do que seja certo ou errado, não oferece, por sí só, razão para se pensar que estejamos errados. Então a questão a ser examinada não é: "Os DDAs são extremistas?" A questão é: "Eles estão certos?" Como veremos, esta pergunta quase nunca é feita, e, menos ainda, respondida adequadamente. Uma conspiração entre a mídia e alguns fortes interesses se encarrega disso. "

março 21, 2010

Defensores dos animais querem promotoria especializada


Angela Martins
Marciel Peres
Ministério Público deve apresentar projeto
Ativistas pelos direitos dos animais de todo o País estão organizando uma campanha pela criação de uma inédita Promotoria de Defesa Animal, em São Paulo. O movimento, coordenado pelo grupo Sentiens Defesa Animal, conta com quase 10 mil assinaturas em petição virtual, além do apoio de 170 organizações de todo o Brasil.

março 05, 2010

Guitarrista Dave Navarro tira a roupa para defender animais


O guitarrista da banda Jane's Addiction, Dave Navarro, tirou a roupa em defesa dos animais. O anúncio é da organização não-governamental americana PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).


  Foto: Divulgação
Na foto, o rockstar aparece nu, cobrindo as partes íntimas com as mãos e exibindo suas tatuagens, na qual se lê as frases: "Ink, not mink. Be comfortable in your own skin and let animals keep theirs", que pede para que as pessoas prefiram tatuagens aos casacos de pele, salvando a vida de muitos animais.
De acordo com o site Just Jared, Navarro declarou ao PETA que há alguns anos assistiu a um vídeo de animais sendo escalpelados e ficou horrorizado com as cenas. "Foi, honestamente, a coisa mais desumana que já vi. Fiquem longe dos casacos de pele e de produtos testados em animais. É muito simples apoiar ou comprar algo que não brutalize os animais dessa forma", aconselhou o guitarrista.
Dave Navarro for PETA
Find out more at PETA.org.

Dave Navarro, em campanha contra produção de casacos de pele


Fonte: PETA

fevereiro 13, 2010

Pet shops do bem


ADOÇÃO

Comerciantes de São Paulo deixam de vender animais, promovem a adoção e aumentam o faturamento!
O drama da venda de filhotes e suas graves conseqüências já foi abordado no  Notícias da ARCA pela série de reportagens “Filhotes S.A.” (confira). Entre os desdobramentos da movimentação iniciada pelaARCA Brasil está a criação de uma lei que obriga que o animal vendido seja castrado. Embora pouco efetiva pela falta de fiscalização, a legislação é um documento de cobrança na mão das protetoras de animais e, graças à insistência delas, um cenário que parecia estático, pode começar a mudar.
Há seis anos Carlos Barreto deixou o mercado financeiro e montou o pet shop Mercearia do Animal no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Nesse meio tempo – muitas vezes atendendo ao apelo de crianças que pediam um mascote aos pais – vendeu em média 12 filhotes por mês. Desde janeiro de 2009, no entanto, Barreto decidiu dar uma reviravolta: parou de vender bichos e passou a promover uma ferinha de adoções de animais carentes. E percebeu que o negócio valia à pena.
Da água para o vinhoO motivo da mudança de filosofia tem nome e endereço. Tudo começou quando a protetora de animais independente Izolina Ribeiro se mudou para a região. “Comecei a freqüentar o pet shop para comprar a ração dos meus gatos e reparei que vendiam filhotes irregularmente. Toda vez que ia lá, falava na lei que regula o comércio, levava materiais, etc.. quando notei um painel com anúncios de protetores doando bichos, percebi que nem tudo estava perdido”, ela conta.
Carlos, por seu lado, já abria seus olhos para o problema do abandono. “Andando pela periferia de São Paulo e no litoral sempre percebi a quantidade de animais abandonados nas ruas. Aos poucos conheci o trabalho realizado por protetores e percebi que o problema era bem maior do que pensava”, revela o empresário. De acordo com ele, a venda de filhotes representava um percentual pequeno do faturamento de suas duas lojas (a segunda fica no Jardim Europa).
Foi depois de uma conversa mais séria entre Izolina e o dono da loja que a transformação aconteceu. Logo após reparar que a vitrine onde ficavam os filhotes estava ocupada só com caminhas e acessórios, chegou a boa notícia: “Isabel Carballo, uma protetora independente, me disse que ia começar a doar seus animais lá e que a Gazeta de Pinheiros iria apoiar a iniciativa”, relembra.
“Marketing do Bem” - Um ótimo negócio para todosPet Smart, maior rede de pet shops do mundo, não vende cães e gatos e já promoveu mais de quatro milhões de adoções. As lojas têm espaços especiais para adoção de animais de entidades ligadas àHumane Society of United States (HSUS). “Cada vez mais os donos de clinicas e pet Shops se solidarizam com o trabalho das protetoras e com o problema do abandono. Os bichos doados trazem novos clientes e o prestigio de um lugar que realiza uma função social. Todos saem ganhando: A loja, nós os protetores, que temos um lugar para doar os animais resgatados e, claro, a bicharada!”, comemora Isabel Carballo, designer gráfica, protetora independente e uma das organizadoras da feira em pinheiros.
Carlos, o dono do pet shop, também está feliz com a mudança. “As feiras de adoção atraem pessoas para a loja, mas esse não é o objetivo e sim estimular a adoção consciente. Fico muito gratificado e ressalto o maravilhoso trabalho realizado pelas protetoras e ongs. Sem eles nada disso seria possível”, completa. Já Izolina, enfatiza o ineditismo da atitude, para ela um grande exemplo: “A feira ainda é recente, mas deve ser incrementada ao longo desse ano porque o local é ótimo. Para todos nós é um tremendo caso de sucesso que muitos pet shops poderiam copiar. É um excelente modelo de marketing do bem.”, diz.
No mesmo caminho, a administradora de empresas Andréia D’Oliveira, do grupo Adote um Focinho Carente desde novembro mudou o jeito de pensar de dois pet shops na zona norte de São Paulo, o Consulado da Ração (que antes comercializava bichos) e o Praticão.  “Usei a cara e coragem e fui pedir o espaço para fazer a feira de adoção. Eles nunca haviam feito e disseram que poderíamos tentar. Montamos tudo, grades, tenda e ao término, deixamos tudo limpinho. Eles gostaram porque as pessoas que adotam, entram no pet e compram o enxoval, gerando vendas”, ela conta.
ServiçoFeira de Adoção da Mercearia do Animal - Unidade Pinheiros
Quando: aos sábados no pet shop (Rua dos Pinheiros, nº 439), com uma edição mensal na Gazeta de Pinheiros, na mesma rua (nº 423).
Todos os animais da feira 
são doados já castrados, vacinados e vermifugados. A taxa de adoção é de R$: 20,00. Mais informações:Isabel Carballo (bel.car@uol.com.br) ou Patricia Beneduce (pat_beneduce@hotmail.com).
Feira de Adoção Adote um Focinho CarenteQuando: datas variadas.
Locais: Consulado da Ração (Av. Nova Cantareira, 3470 – Tucuruvi), Praticão (Pça Mariquinha Sciascia, 45 – Tremembé) e outros pet shops da região norte.
Todos os animais da feira são doados já castrados, vacinados e vermifugados. A taxa de adoção é 1 Kg de ração. Mais informações: Andréia D’Oliveira (adoteumfocinhocarente@gmail.com ehttp://adoteumfocinhocarente.blogspot.com).
Obs.: Nenhuma das protetoras citadas na matéria tem abrigos e podem aceitar animais abandonados. Todas trabalham sob o sistema de Lares Transitórios (saiba mais)
Participe! Você conhece um pet shop que não venda animais e promova a adoção de bichos já castrados, vacinados e vermifugados? Utilize o espaço de comentários para contar sua história!

fevereiro 12, 2010

Portaria 15/88 da ANVISA: crueldade total contra animais



Quem utiliza produtos de limpeza antimicrobianos mal sabe que muita tortura e matança foram promovidas para que eles fossem autorizados a chegar às prateleiras. Isso graças à Portaria 15/88 da ANVISA, que se soma à 1480/90 do Ministério da Saúde no hall de normas que obrigam a prática industrial de crueldade extrema contra animais.
Para muitos não é nenhuma novidade que o Governo Federal não se importa nem um pouco em promover e apadrinhar a exploração animal, uma vez que apoia rodeios e vaquejadas, mantém toda uma estrutura de assistência à pecuária via Embrapa, regozija-se por fazer do Brasil um dos maiores exportadores de carnes, se não o maior, do mundo, entre outros atos, mas a 15/88 (numeração coincidentemente próxima em número e violência ao código numérico “14/88” utilizado por neonazistas) ainda lhes era, até a leitura deste artigo, uma desconhecida. Aliás, hoje nem as ONGs de defesa animal estão cientes da crueldade dessa portaria.
A portaria trata, segundo sua ementa não-oficial, de determinar “que o registro de produtos saneantes domissanitários com finalidade antimicrobiana seja procedido de acordo com as normas regulamentares” – por “produtos saneantes domissanitários” leia-se produtos de limpeza doméstica ou hospitalar. Condiciona o registro sanitário desse tipo de produto a uma regulamentação, que inclui testes de eficácia e segurança.
O Artigo 1º da portaria determina que o registro desses itens seja procedido de acordo com as normas regulamentares anexas à presente. O anexo dela é que traz todos os regulamentos. Dentro deste, a seção VIII, “Avaliação tecnológica”, afirma no item 1 que “a avaliação tecnológica dos princípios ativos não listados no SUBANEXO 1 será efetuada com base nos testes constantes do SUBANEXO 4, de acordo com suas características físicas e toxicológicas, considerando as finalidades e instruções de uso”, e seu item 2 fala que “a classificação de risco dos produtos saneantes domissanitários com ação ANTIMICROBIANA será efetuada tomando-se por base os testes toxicológicos agudos do SUBANEXO 4 de acordo com a forma de apresentação, as finalidades e instruções de uso“.
E é esse subanexo 4 o centro das atenções neste artigo, pois é ele que especifica os testes a serem feitos, entre eles diversos procedimentos muito cruéis. Aliás, está claro na portaria que os testes devem ser estritamente os contidos no subanexo 4, não havendo abertura para procedimentos alternativos que tenham a mesma eficácia.
Dos 18 testes contidos no macabro subanexo, apenas três não especificam dever ser feitos em animais. Comento brevemente cada um dos outros 15 abaixo, você terá a noção de toda a barbárie que a portaria obriga que seja promovida.
“- toxicidade aguda por via oral para ratos, com valores de DL50 e descrição dos sintomas observados.
- toxicidade aguda por via dérmica para ratos, com valores de DL50 e descrição dos sintomas observados.
- toxicidade aguda por via inalatória para ratos, com valores de CL50 e descrição da sintomatologia observada. “
Esses testes de toxicidade consistem em envenenar ratos com o produto a ser testado, para se avaliar o quanto sofrerão. Há também a intenção de matar metade dos animais, visto que estão incluídos os famigerados procedimentos de DL50 (dose letal) e CL50 (concentração letal), que matarão metade de uma população de bichos – e, menos obviamente, provocarão sofrimento descomunal na parcela sobrevivente.
Populações distintas de ratinhos são obrigadas a engolir, a absorver pela pele ou a inalar esses venenos. Uns morrerão com muita agonia, outros sofrerão muito, e não há nenhuma preocupação em curá-los. A ética é zero nesses testes. São apenas ratos, e ratos não valem nada fora a sangrenta importância atribuída por esses procedimentos, pensam os Doutores Frankenstein envolvidos.
“- testes de irritabilidade da pele e olhos em coelhos, sendo dispensável no caso de produtos com pH igual ou inferior a 2 ou igual ou superior a 11,5, enquadrados automaticamente na classe de risco I (corrosivos). “
Já imaginou você, preso numa mesa, tendo seus olhos feridos e sua pele queimada por uma equipe de cientistas loucos? Os olhos ardendo muito, queimando insuportavelmente, e você não podendo sequer esfregar-lhes as mãos... A pele irritada, aquele ardor que não acaba mais, a severa vermelhidão, o aparecimento de bolhas na queimadura... Você sofrendo muito com a dor, à beira da loucura, debatendo-se preso na mesa, sem poder se soltar...
É isso que acontece nesses testes de irritabilidade que forçam em coelhos, pelo menos nos produtos mais inseguros. O sofrimento é terrível. E tudo sob a batuta da ANVISA, que se preocupa muito com a segurança do consumidor, nem que isso signifique torturar de forma hedionda e, por que não, criminosa de animais. Esse tipo de teste é o que se caracteriza de forma mais explícita como tortura.
“- teste de sensibilização dérmica em cobaias.“
Esse teste consiste em expor a pele do bichinho a baixas concentrações do produto, seja por contato direto seja por injeção intradérmica, para verificar a reação imunológica. A pele pode ficar ou não sensível – leia-se mais suscetível a sentir dor, assim como um dente sensível seu começa a doer quando você toma algo gelado.
“- testes para verificação de mutagenicidade ‘in vitro’ e ‘in vivo’.”
Mutagenicidade é a capacidade de causar mutações nos animais. Os filhotes do animal poderão sofrer mutações ao longo de sua miserável vida, ter seu corpo deformado, por causa das substâncias testadas. Atente-se que se fala de teste “in vitro” E “in vivo”. Ou seja, animais terão que ser explorados e torturados de modo que seus descendentes sofram mutações aberrantes.
“- teste de toxicidade sub-crônica (noventa dias) via oral, em ratos.“
É um teste não letal que intoxica os ratinhos em doses médias, durante um longo inferno de noventa dias. Os animais poderão sofrer diversos sintomas análogos a doenças, tais como diarreia, atrofias digestivas e outras reações tóxicas. Novamente o ser humano mostra toda a sua crueldade e perversidade em causar muito sofrimento a outrem de outra espécie pelo bem de sua própria.
“- teste para avaliação do metabolismo e excreção, em ratos.”
Ao que me parece, é um teste que mostra como os animais envenenados irão processar as substâncias do produto em seu metabolismo orgânico e na excreção delas.
“- teste para verificação de efeitos teratogênicos em ratos e coelhos.”
Isso é uma verificação de como o produto, absorvido pelo organismo envenenado desses animais, irá prejudicar o desenvolvimento dos seus filhotes, se estes nascerão deformados. Crueldade pouca é bobagem em se tratando de envenenar uma mãe para vê-la dar à luz bebês-monstro. O que esses Doutores Frankenstein achariam se, por exemplo, criminosos forçassem suas esposas a ingerir talidomida e elas dessem à luz crianças mutiladas? Achariam uma barbárie, o pior crime que poderiam sofrer. Mesmo sabendo que fazem exatamente a mesma coisa com ratas e coelhas.
“- teste para verificação de efeitos carcinogênicos em camundongos e ratos, via oral, com duração não inferior a 18 e 24 meses, respectivamente”
Este é um dos mais cruéis, ao lado dos testes de toxicidade aguda e de irritabilidade ocular e dérmica. Verifica se a substância causa câncer nos animais, e dura não menos que um ano e meio. Ao final desse período de venenosa tortura, o produto poderá ou não causar um câncer que matará dolorosamente os bichinhos.
“- teste para avaliação de toxicidade crônica, via oral, com espécie roedora e outra não roedora.”
Leia de novo: toxicidade crônica. Mais um teste de envenenamento, mortal ou não, que provocará muita dor e sofrimento.
“- teste para verificação de efeitos nocivos ao processo reprodutivo, em ratos, por, no mínimo, 2 gerações.”
Este teste verifica se animais envenenados terão sua capacidade reprodutiva prejudicada. Quem quer ter filhos acharia um crime ser envenenado e se tornar estéril. Esses toxicólogos loucos não gostariam nunca que isso acontecesse com eles, mas, por falta de empatia deles e pela falta de ética com animais não-humanos por parte da ANVISA, a qual segue a mentalidade de que animais domesticados nasceram para ser livremente escravizados e torturados, fazem essa barbaridade em animais sem pensar duas vezes.
“- teste para verificação de toxicidade dérmica sub-aguda (vinte e um dias), em ratos ou coelhos.
- teste para verificação de toxicidade inalatória sub-aguda (quatorze a vinte e um dias), em ratos.
“- teste para verificação de toxicidade dérmica sub-crônica (noventa dias) em coelhos ou ratos.”
Também não intencionam ser testes mortais, mas promovem envenenamento por períodos muito prolongados. Os bichos viverão com as substâncias dos produtos de limpeza enfiadas em seu corpo por de duas a treze semanas de pura tortura envenenadora e muito sofrimento.
Os absurdos da portaria não param por aí. O subanexo 5 lista algumas das consequências que podem se abater sobre os animais torturados. Na pior categoria em que os produtos podem ser enquadrados, a classe I, a dose/concentração capaz de matar metade da população de animais envenenados é bastante baixa e as lesões infligidas são gravíssimas: “capacidade de córnea e/ou irite (inflamação da íris) irreversível em 7 dias, corrosão(!), ulceração” (lesões oculares), “eritema (vermelhidão da pele) severo persistente por 72 horas, edema (formação de bolhas) moderado a severo por 72 horas”.
As entidades estatais de saúde e vigilância sanitária mostram como são perversas, diabólicas e impiedosas para com animais, não se importando com qualquer direito seu – nem mesmo o de não sofrer crueldade e abusos, previsto na Constituição e no Artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais –, e advogam em favor de sua tortura em prol da segurança humana.
E o pior de tudo é que, como a portaria não permite que sejam realizados testes alternativos que não explorem animais, não há a possibilidade de se encontrar produtos antimicrobianos livres de crueldade no mercado, nem mesmo a chance de se boicotar produtos de limpeza testados em bichos.
O que resta fazer no momento é promover o crescimento e amadurecimento do ativismo em defesa dos animais no Brasil até o ponto em que, assim como na Europa, onde há um grande e maduro movimento de direitos animais, sejam forçadas a abertura para procedimentos sem a exploração e tortura de bichos e, finalmente, a proibição de testes cruéis.

fevereiro 11, 2010

Filósofos da Libertação Animal









Filósofos da Libertação Animal: Tom Regan

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Impulsionado pelos bons resultados alcançados por movimentos de emancipação civil na década de 1960 (a chamada "revolução dos direitos"), o tema "direitos animais" começou a ser discutido como movimento social no início da década seguinte por um grupo de filósofos da Universidade de Oxford, do qual faziam parte Peter Singer e o psicólogo Richard D. Ryder. Entretanto, a ideia geral que se fazia em torno do tema era bastante difusa. Não era, por exemplo, centrada na noção de valor intrínseco dos animais. Dessa forma, o movimento se assemelhava às reivindicações anteriores restritas à melhoria do bem-estar dos animais. Exemplo disso pode ser visto naDeclaração Universal dos Direitos Animais, proclamada pelo UNESCO em 1978 após ser aprovada resolução a esse respeito pela ONU. Um dos artigos dessa declaração de direitos é emblemático ao explicitar a possibilidade de uma violação de direito fundamental por motivo arbitrário: "Art. 9º No caso de o animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto sem que para ele resulte ansiedade ou dor." Ora, uma vez que se reconhece que animais não-humanos têm direitos, seria inadmissível criá-los para servir de alimentação, como também não se espera que humanos sejam criados para esse fim.

A teoria sobre direitos animais como a conhecemos atualmente é decorrente dos trabalhos pioneiros de Tom Regan. Pode-se dizer que ele é o fundador do atual movimento de direitos animais. Tom Regan graduou-se no Thiel College (EUA), fez mestrado e doutorado na Universidade da Virgínia(EUA) e lecionou filosofia durante 34 anos na Universidade da Carolina do Norte (EUA), até se aposentar em 2001 como Professor Emérito. Atualmente esta universidade mantém o Arquivo Tom Regan de Direitos Animais - uma biblioteca com centenas de livros e artigos sobre direitos animais, legislação e bem estar animal - em reconhecimento aos trabalhos de Regan.

Regan já foi açougueiro, defensor da caça e considerava os animais como objetos. Foi a leitura de Gandhi, com seu apelo à não-violência, que mudou tudo isso. Primeiramente, Regan e sua esposa, Nancy Tirk, fizeram parte do movimento de oposição à Guerra do Vietnã. Mais tarde, em decorrência de seus trabalhos de filosofia sobre direitos humanos, a conclusão de que não-humanos também fazem parte de nossa comunidade moral foi um caminho natural.

Regan publicou diversos livros, mas apenas um deles está disponível em português: Jaulas Vazias(Ed. Lugano, 2006). O livro mais importante, e considerado o mais completo tratado filosófico sobre direitos animais, é o livro The Case for Animal Rights (University of California Press, 1983). Nesta obra, Regan começa mostrando que alguns animais, tais como os mamíferos com pelo menos um ano de idade, certamente são seres sencientes, possuem interesse em vida continuada e outros desejos que os tornam no mínimo pacientes morais (atualmente ele estende a senciência também às aves). Regan então critica o que ele chama de escola dos "deveres indiretos," cujo representante é o filósofo alemão Immanuel Kant. Kant afirmava que os animais são apenas meios para um fim (os humanos), e que nós devemos ter compaixão aos não-humanos, não em reconhecimento aos interesses destes seres, mas porque de outra forma ficaríamos embrutecidos e isso poderia prejudicar outros humanos no futuro. Em outro capítulo, Regan critica duramente a escola utilitarista de "deveres diretos," cujo representante é Peter Singer. Regan afirma que direitos animais, assim como direitos humanos, não podem ser defendidos segundo uma visão utilitarista consistente. Regan então apresenta a teoria de direitos com base numa extensão da ética de Kant, dessa vez considerando a noção de animais como sujeitos-de-uma-vida, isto é, seres sencientes com características cognitivas avançadas. Essa ética é deontológica, isto é, é uma ética na qual o conceito de dever é mais importante do que as consequências resultantes das ações. Ela se fundamenta nos chamados imperativos categóricos de Kant, tais como a lei fundamental: "Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal." Esse é o princípio de uma teoria baseada em direitos, que afirma que um direito deve ser respeitado mesmo que a sua violação possa trazer um benefício a terceiros. Desse modo, utilizar um animal (humano ou não) em um procedimento de vivissecção será sempre imoral, mesmo que disso resulte a cura do câncer ou de outra doença grave. Ao contrário, na ética utilitarista, um interesse poderia ser sobreposto por outro, desde que o bem resultante fosse significativo.

As contribuições do trabalho de Regan também se aplicam a direitos humanos. Isso vale principalmente na resolução de conflitos de interesses quando as intensidades dos danos sofridos podem ser comparadas. É nesse ponto, porém, que Regan é frequentemente criticado por outros defensores dos animais (inclusive por Peter Singer, ao fazer a crítica do The Case). Regan toma o caso hipotético e excepcional de um navio que está afundando, e que dispõe de apenas um bote salva-vidas cujo espaço não é suficiente para todos. Neste navio há quatro humanos normais e um cachorro. O bote, entretanto, só possui quatro lugares. Regan afirma que o espaço no bote deve ser dado aos humanos primeiramente, e nunca ao cachorro, pois há mais possibilidades de satisfação na vida de um ser humano do que na de um cachorro. Em outras palavras, a vida de um humano vale mais do que a vida de um cachorro. Regan então extrapola seu pensamento, afirmando que o mesmo estaria correto ainda que um milhão de cachorros tivessem que ser atirados ao mar para salvar um único humano. O problema desse raciocínio está na sua generalidade, pois é plausível admitir casos em que a vida do cachorro traga mais possibilidades de satisfação do que uma vida humana. Os critérios de resolução do conflito também poderiam ser outros. Dessa forma, a resolução deveria ocorrer caso a caso, e não segundo uma regra geral. No prefácio da última edição de seu livro, Regan diz que os críticos dão uma importância exagerada a esse seu raciocínio, e muitas vezes tentam utilizá-lo para justificar usos de animais em casos não excepcionais, como o uso de não-humanos em experiências científicas que podem beneficiar os humanos (já que os humanos têm maiores possibilidades de satisfação em vida). Por outro lado, ele admite que seu modo de pensar possa estar incompleto ou errado nesse ponto.

Notas:
  • Em relação à Declaração Universal dos Direitos Animais, a organização inglesa Uncaged Campaigns pretende propor à ONU uma nova carta composta de apenas 4 itens, mas que verdadeiramente considera animais não-humanos como sujeitos de direito. Em contrapartida, a norte-americana World Society for the Protection of Animals (WSPA) quer propor aDeclaração Universal do Bem Estar Animal, que não reconhece direitos mas busca melhorias no bem-estar dos animais.
  • A versão original do livro Jaulas Vazias (Empty Cages) foi publicada em 2004 pela editoraRowman & Littlefield.
  • Ao contrário de Gary Francione, que também se inspira no exemplo de Gandhi, Regan admite que não é um pacifista, e considera possibilidades em que o uso da violência pode ser justificado.


Peter Singer

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O filósofo australiano Peter Albert David Singer é um dos personagens mais conhecidos e ao mesmo tempo polêmicos dentro do movimento de defesa dos animais. Filho de judeus sobreviventes do Holocausto, Singer está hoje entre os dez intelectuais mais influentes da Austrália, de acordo com votação realizada neste país. Formou-se em filosofia e história na Universidade de Melbourne (Austrália) e filosofia moral naUniversidade de Oxford (Reino Unido). Atualmente é Professor de Bioética na cadeira Ira W. DeCamp naUniversidade de Princeton (EUA), e professor laureado noCentro de Filosofia Aplicada e Ética Pública (CAPPE) da Universidade de Melbourne. É especializado em ética aplicada e procura resolver questões morais através da escola de pensamento utilitarista. Seus trabalhos são influenciados pelos filósofos Jeremy Bentham (1748-1832), John Stuart Mill (1806-1873) e, principalmente, por Richard Hare (1919-2002). Geralmente se aceita que Singer é um utilitarista de preferência, isto é, que considera como moralmente corretas as ações que produzem as consequências mais favoráveis às preferências dos seres envolvidos, ainda que em várias ocasiões ele expresse opiniões deutilitarismo de ação (ações corretas são aquelas que trazem felicidade para o maior número de pessoas), e utilitarismo de regra (ações corretas são aquelas que atendem regras gerais que conduzem ao melhor bem), que é o tipo de utilitarismo que ele defende com relação a animais não-humanos.

Peter Singer é muitas vezes considerado o precursor do movimento de libertação animal, ou o "pai do movimento de direitos animais." Ironicamente, Singer não reconhece direitos animais em seus trabalhos. Essa fama, entretanto, se deve à popularidade de seu livro Animal Liberation (Libertação Animal) publicado em 1973, no qual ele propõe o princípio de igualdade de consideração, às vezes confundido com um direito. Tal livro é, de fato, um marco no movimento de defesa dos animais, ao difundir entre o público leigo as diferentes atrocidades que animais não-humanos sofrem de forma institucionalizada nas mãos dos humanos, e propor uma mudança de atitudes em relação a isso. Por outro lado, Singer não vê motivos para animais serem considerados sujeitos de direito. É neste ponto que nasce a polêmica em torno de Singer, pois o mesmo pensamento também vale para certos humanos, como bebês, portadores de deficiência e comatosos, motivo pelo qual Singer tem sido acusado de eugenista por grupos de defesa de direitos humanos. De fato, teoria de direitos animais ou direitos humanos jamais foi considerada em suas obras, por ser incompatível com a visão utilitarista. Ainda assim, na prática Singer não parece ser um crítico da teoria de direitos de Regan ou Francione. Por exemplo, comentando sobre o livro The Case For Animal Rights, de Tom Regan, Singer afirmou ser: "...uma contribuição impressionante sobre o que está rapidamente se tornando uma das questões éticas mais importantes da atualidade."

Singer considera, assim como Jeremy Bentham, que o fundamental em filosofia moral não está em determinar se um ser tem a capacidade de raciocinar ou falar, mas simplesmente a capacidade de sofrer. Assim, a capacidade de sentir dor é condição suficiente para que um ser seja levado em consideração em questões morais. Nesses termos, desconsiderar alguns animais apenas por causa de sua espécie é uma forma de discriminação, conhecida como especismo (termo cunhado em 1970 pelo psicólogo e filósofo britânico Richard D. Ryder). Singer está preocupado sobretudo com a redução do sofrimento dos animais. Essa preocupação também é compartilhada por aqueles que defendem direitos. Por outro lado, a linha de pensamento de Singer em outros pontos certamente não coaduna com o pensamento de um defensor de direitos animais e/ou direitos humanos. Como forma de manter sua coerência na linha de raciocínio utilitarista, Singer não vê problemas éticos na exploração animal, desde que os animais envolvidos não sofram ou, mesmo que sofram, se o benefício resultante dessa exploração for significativo. Isso serve especialmente para animais não-humanos que, segundo Singer, não teriam um interesse em ter uma vida continuada (como os humanos têm). Porém, isso também serve para humanos que, supostamente, não possuem interesse em vida continuada, como recém-nascidos, idosos com doenças mentais degenerativas, comatosos e pessoas consideradas portadoras de deficiências graves. Em tais casos, seria correto utilizar tais pessoas em experiências científicas, se o bem resultante disso fosse significativo para a maioria (utilitarismo de ação), ou se melhor atendesse a preferência de outros seres envolvidos (utilitarismo de preferência). Se há um motivo suficientemente bom (ironicamente, para os pesquisadores biomédicos sempre há), torturar ou matar um animal não seria eticamente errado. De fato, Singer já afirmou que não há nada de moralmente errado em comer carne, desde que o animal seja tratado de forma "humanitária." Também já expôs, em seu livro Heavy Petting, que não vê problemas éticos na bestialidade (relação sexual entre um humano e um não-humano) se não houver sofrimento envolvido. Seu pensamento polêmico também está no seu apoio à vivissecção de primatas para pesquisa neurológica, e infanticídio seletivo para bebês portadores de deficiência, tais como portadores de síndrome de Down, conforme proposto em seus livros Should the Baby Live? (1985) eRethinking Life and Death (1994). Ao contrário desses posicionamentos, um defensor de direitos diria que estes seres não devem ser explorados em nenhuma hipótese, pois os interesses resultantes de sua natureza como seres sencientes lhe conferem um direito que serve como uma barreira contra as arbitrariedades que poderiam ser impostas em benefício de outros.

Singer se proclama um "vegano flexível," que não compra produtos de origem animal quando vai ao supermercado, mas que se permite consumir tais produtos quando lhe oferecem durante suas viagens. Por atitudes como esta, a figura popular e ao mesmo tempo provocadora de Singer se tornou, em relação aos animais não-humanos, o epítomo do chamado movimento bem-estarista, que busca melhores condições de vida e tratamento a animais não-humanos, mas rejeita a abolição da exploração animal. Esse modo de pensar começa a ser desafiado pelo movimento de direitos animais iniciado pelos filósofos Tom Regan e Gary Francione.

Notas:
  • Os dados biográficos foram obtidos da Britannica Online Encyclopedia e da Wikipédia.
  • O resultado da votação das maiores personalidades australianas consta no jornal The Australian, de 4 de outubro de 2006.
  • A frase de Singer sobre o livro The Case For Animal Rights foi publicada no The Quarterly Review of Biology, volume 59, pp. 306, setembro de 1984.
  • Alguns dos protestos sofridos por Singer por grupos de defesa de direitos humanos são citados em Oliver Tomein: Wann ist der Mensch ein Mensch? Ethik auf Abwegen. Munich/Vienna 1993, pp. 57-76. Uma tradução para o inglês pode ser vista no artigo The Case of Peter Singer.
  • A opinião de Singer sobre o consumo de "carne feliz" foi obtida de uma entrevista sua dada ao jornal argentino Clarín, pp. 12, de 31 de dezembro de 2005.
  • Singer se auto-intitula um "vegano flexível" em uma entrevista concedida à revista Mother Jones de maio de 2006. Nessa entrevista, Singer também diz que há sempre um "pouquinho de espaço de indulgência em nossas vidas," quando se refere a abrir exceções para comer carne em restaurantes luxuosos.



Filósofos da Libertação Animal: Gary Francione

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Gary Lawrence Francione é Professor Emérito de Direito eNicholas deB. Katzenbach Scholar em Direito e Filosofia naUniversidade Rutgers, em Newark (New Jersey, EUA). Possui bacharelado em filosofia pela Universidade Rochester, onde obteve a bolsa de estudos Phi Beta Kappa O'Hearn para realizar pós-graduação na Grã-Bretanha. Realizou seu mestrado em filosofia e doutorado em direito naUniversidade da Virgínia (EUA). Após trabalhar como secretário jurídico na Quinta Vara da Corte de Apelação e Supremo Tribunal dos Estados Unidos, e como consultor nos escritórios jurídicos Cravath, Swaine & MooreBoies, Schiller & Flexner, e Lowenstein Sandler, Francione lecionou na Escola de Direito da Universidade da Pensilvânia a partir de 1984. Em 1987 fez parte do quadro permanente de funcionários nesta universidade e então começou a lecionar na Universidade Rutgers a partir de 1989. Na foto ao lado, Francione aparece com seus cachorros Mollie e Katie, adotados de um abrigo.

Francione é um dos mais proeminentes filósofos sobre direitos animais e teoria moral, e é o proponente da mais radical e consistente teoria de direitos animais atualmente, conhecida comoteoria abolicionista, cuja base moral é o veganismo (estilo de vida no qual se evita o consumo de produtos de origem animal e práticas associadas à exploração animal). Ele é conhecido por ter cunhado o termo "esquizofrenia moral" para se referir ao modo como a maioria dos humanos se relaciona com os não-humanos: Embora todos afirmem adotar o princípio de que sofrimento desnecessário é errado, na prática todo o uso que é feito dos animais não pode ser defendido como necessário em nenhum sentido plausível. Francione é também conhecido por ser um dos maiores críticos das leis de regulamentação de bem-estar animal e do status de propriedade que essa legislação confere aos animais não-humanos. Para Francione, as leis que regulamentam essa exploração não estão interessadas na abolição da exploração animal, mas apenas reafirmam essa exploração e tornam-na mais competitiva economicamente, como mostram as estatísticas de aumento de produção e consumo de produtos de origem animal no mundo em 200 anos de existência de legislação de bem-estar animal. Essa posição vai de encontro ao pensamento de outros filósofos (como Peter Singer, David Favre, Cass Sunstein e Bernard Rollin) que acreditam que tais leis são pequenos avanços que poderão futuramente levar à abolição da exploração institucionalizada de animais não-humanos, ou que consideram como admissível uma condição de exploração com sofrimento "mínimo" aos animais. Diferente de Singer, Francione diz que não há qualquer justificação moral para a exploração animal, mesmo que isso traga benefícios aos humanos. Francione também pensa diferente do filósofo Tom Regan, que tem ideias mais próximas das suas. A teoria de Francione se aplica a todos os seres sencientes (isso inclui todos os mamíferos, animais dotados de sistema nervoso central e até mesmo insetos), enquanto a de Tom Regan se aplica apenas a animais que possuem habilidades cognitivas sofisticadas, como mamíferos, aves e, possivelmente, peixes.

Francione também questiona a falta de ideais claros no atual movimento de libertação animal, o que pode ser percebido nas formas de ação utilizadas por diferentes grupos de defesa de direitos animais, como o uso de violência à propriedade (e.g. praticados por membros da ALF - Animal Liberation Front), uso de propagandas sexistas (como as veiculadas pela PETA - People for the Ethical Treatment of Animals), concessão de prêmios e menções honrosas a exploradores de animais e, contrastando com essas ações, a indulgência entre os próprios membros desses grupos em relação ao consumo de produtos de origem animal tais como leite e seus derivados (produtos cujo sofrimento associado é maior do que o decorrente da carne obtida de gado de corte, segundo Francione).

O professor Francione tem lecionado direitos animais e legislação por mais de 20 anos, e foi o primeiro acadêmico a lecionar teoria de direitos animais em uma faculdade de direito nos Estados Unidos. Também já lecionou esse tópico em outros lugares dos Estados Unidos, no Canadá, na Europa, e foi professor convidado da Universidad Complutense de Madrid. De 1990 a 2000, Francione e a Professora Adjunta Anna Charlton conduziram o escritório advocatício Rutgers Animal Rights Law Clinic, fazendo da universidade Rutgers a primeira nos Estados Unidos a ter no currículo acadêmico regular um curso de legislação de direitos animais, e conceder créditos acadêmicos aos estudantes por trabalhar no escritório em casos reais envolvendo a questão animal. Na representação desses casos, nenhum honorário foi cobrado. Atualmente, Francione e Charlton lecionam um curso sobre direitos humanos e direitos animais, e um seminário sobre legislação e teoria de direitos animais.

Francione é um pacifista, e se inspira no pensamento de Mahatma Gandhi e nos princípios jainistas para conduzir uma mudança na sociedade através da desobediência civil não-violenta, e principalmente através da educação vegana. Curiosamente, embora seja um professor de direito, Francione acredita que a mudança deve começar individualmente, através da adoção em um estilo de vida vegano, e não unicamente através da mudança da legislação.

Entre suas obras, destacamos os livros que temos a nosso dispor no grupo de estudos: Animals as Persons: Essays on the Abolition of Animal Exploitation (Columbia University Press, 2008);Introduction to Animal Rights: Your Child or the Dog? (Temple University Press, 2000); Animals, Property, and the Law (Temple University Press, 1995) e Rain Without Thunder: The Ideology of the Animal Rights Movement (Temple University Press, 1996).

Notas:
  • A biografia de Francione foi obtida do seu perfil da página de professores da Faculdade de Direito da Universidade Rutgers, e da página Animal Rights: The Abolitionist Approach.
  • As opiniões de Francione sobre bem-estarismo foram obtidas de uma entrevista sua concedida ao The Animal Spirit, mas também dos livros citados acima, especialmente do capítulo 7 do livro Rain Without Thunder.
  • Algumas das campanhas publicitárias sexistas da PETA podem ser vistas na comunidade feminista online Feministing.
  • As premiações de teor duvidoso concedidas pela PETA a empresas ou pessoas envolvidas com exploração animal podem ser vistas no 2003 PETA Proggy Awards e 2004 PETA Proggy Awards. Entre elas destacam-se a Burger King, Whole Foods e a projetista de matadouros Temple Grandin.


Filósofos da Libertação Animal: Bernard Rollin

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Em uma série de posts dedicados ao nosso primeiro encontro, vamos apresentar alguns dos principais filósofos relacionados ao movimento de libertação animal: o que eles pensam e quais são seus principais trabalhos. Para esse estudo escolhemos Bernard Rollin, Gary Francione, Peter Singer e Tom Regan. Essa relação não está completa e corresponde apenas aos autores cujas obras estão na nossa lista de referências. Eis o post sobre o Dr. Bernard Rollin.

Bernard E. Rollin é Professor Emérito de Filosofia, Ciências Biomédicas, Bioética e Ciências Animais da Universidade Estadual do Colorado (Fort Collins, EUA). É ativista pelos direitos animais desde a década de 1970, quando teve conhecimento das atrocidades que os animais não-humanos sofrem em pesquisa biomédica e no ensino. Entre 14 livros e mais de 300 artigos publicados, é autor do livro Animal Rights & Human Morality (1981). No grupo de estudos temos a 3a edição, de 2006.

Rollin faz uma análise filosófica rigorosa, partindo de uma extensão da ética de Kant e do uso do conceito de telos, de Aristóteles, para mostrar que animais não-humanos são sujeitos de direito. Neste caso, é a natureza do telos, e não a razão ou capacidade de cognição, que insere os animais não-humanos na nossa esfera de consideração moral. Dependendo do telos de cada ser, o interesse será diferente (e.g., interesse em vida continuada, interesse em não sentir dor). Mas, em todos os casos, o fato de possuir um interesse já é suficiente para fazer parte de uma comunidade moral.

A princípio, o pensamento de Rollin parece ser semelhante ao de Regan e Francione - os mais importantes defensores da abolição da exploração animal - embora seja muito menos conhecido do que estes. O discurso de Rollin é a favor da abolição de toda forma de exploração animal, seja para alimentação, vestuário, esporte, entretenimento ou pesquisa científica. Por outro lado, historicamente ele tem participado da elaboração de leis de regulamentação de exploração animal, chamadas de "leis de bem-estar animal." Ele foi, por exemplo, o principal articulador das mudanças na lei federal estadunidense Animal Welfare Act em 1985. Recentemente, leis como essa começaram a ser criticadas por defensores de direitos animais, notadamente pelo professor Gary Francione, pelo fato de tornarem a exploração mais eficiente aos exploradores, ainda que aparentemente sugiram um melhoramento nas condições de tratamento dos animais explorados. Rollin afirma que críticas como essas são apenas "bobagens de radicais" e que Francione quer adotar a política do "quanto pior, melhor." O professor Rollin também é tão otimista quanto o filósofo Peter Singer ao acreditar nos avanços obtidos nas últimas décadas pela legislação bem-estarista. Talvez por essas posições antagônicas, Rollin não tenha conquistado um espaço de destaque tão grande quanto Regan, Francione e o próprio Singer. A filosofia de Rollin é nitidamente radical ao reconhecer animais não-humanos como sujeitos de direito, mas na prática as concessões que ele faz às leis bem-estaristas, e sua omissão quanto à prática do ativismo vegano (para evitar confrontos e não parecer tão radical), passam uma ideia de inconsistência de ações.

Algumas curiosidades: Rollin já realizou mais de 1000 palestras sobre direitos animais ao redor do mundo. Ele também é motociclista e foi co-autor de um livro sobre a relação entre a Harley-Davidson e a filosofia (sim, isso existe!). Ele também é levantador de peso em nível de competição e cavaleiro (ele disse não ver nenhum conflito moral no fato de ter cavalos para montaria).

Notas:
  • A biografia de Rollin foi obtida do seu perfil online da Universidade Estadual do Colorado.
  • As opiniões de Rollin sobre Gary Francione e sobre seu uso de cavalos para montaria foram obtidas através de comunicação pessoal.