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julho 23, 2013

Especismo, a discriminação arbitrária daqueles que não pertencem a uma determinada espécie

[Ilustração dePawel Kuczynski]

Existe muita hipocrisia no mundo.

As pessoas tem animais de estimação e ingerem outros animais. As mesmas pessoas que têm animais de estimação como um cachorro, acha engraçado ou loucos os hindus acharem as vacas ou serpentes sagradas e não comê-las, ao mesmo tempo que acham errado os chineses matarem um cachorro para comer.

Então só por no ocidente nós criamos animais domésticos como cachorros e gatos, os chineses estão errados em matá-los? Mas a vaca, sagrada para os hindus, pode ser morta sem pestanejar para virar comida?

Tudo está errado! Animais não nascem para servirem aos humanos, para serem escravos, ou até mesmo comida. Você provavelmente não é a favor de qualquer tipo de preconceito, como o Racismo por exemplo, mas provavelmente não conhece o Especismo. Segue um trecho de um texto muito interessante que fala sobre o assunto:

"Não devemos explorar as mulheres apenas porque elas são mulheres, o que seria MACHISMO.

Também não devemos explorar pessoas negras apenas porque elas são negras, o que seria RACISMO.

Explorar um indíviduo só porque ele pertence a uma espécie biológica diferente da nossa, é um tipo de preconceito muito similar aos anteriores, e isso se chama ESPECISMO."

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O especismo define-se pela discriminação arbitrária daqueles que não pertencem a uma determinada espécie. A maior parte dos humanos são especistas perante os restantes animais, uma vez que os consideram seres inferiores e os colocam num patamar abaixo do seu, não lhes conferindo qualquer tipo de direitos.

Os humanos pertencem ao grupo animal e como animais temos interesses e necessidades próprias. Estas emoções e necessidades não ocorrem apenas com os humanos, elas ocorrem independentemente da espécie à qual pertencemos, no entanto os humanos fazem uma grande diferença entre si e os outros animais. Os interesses dos humanos prevalecem sempre em detrimento dos interesses dos animais não-humanos.

A esta discriminação chamamos especismo.

Os defensores do especismo recorrem muitas vezes a argumentos que são facilmente deitados abaixo. Entre estes argumentos, os mais utilizados são
–   para discriminar os animais não-humanos são que os animais (não-humanos) são uma espécie diferente
–   os outros animais sempre foram tratados assim não irá ser mudado agora.

Alguns especistas consideram ainda que a raça humana é superior, uma espécie de eleição com poder de domínio sobre a terra e sobre quem nela habita.

A capacidade de raciocinar dos humanos  também é muitas vezes utilizada como argumento para denegrir as outras espécies. Ao considerar este argumento não estamos a considerar as crianças pequenas cuja capacidade de raciocínio é limada ou até mesmo os adultos que devido a uma doença ou até a algum acidente ficaram com as suas capacidades de raciocínio limitadas. Será que esta limitação intelectual nos dá direito a explorar, abusar e explorar os outros humanos sem a sua permissão?

Outro argumento muitas vezes utilizado é a falta de empatia que temos com as outras espécies. A falta de empatia pode ser comparado a outro tipo de discriminação que ocorre entre humanos – o racismo.  Durante décadas exploramos e escravizamos outros humanos apenas pela diferença na cor de pele. Hoje exploramos e escravizamos outros animais apenas porque são diferentes e não sentimos empatia com eles.

Como animais não devemos considerar a empatia (ou a falta desta) como argumentos válidos, assim como a capacidade de raciocínio. Já vimos que a falta de empatia ocorre dentro da raça humana e a capacidade de raciocínio de cada um não nos dá o direito de abusar e explorar terceiros.

O especismo deve ser abolido pela capacidade que cada indivíduo tem de sentir, sofrer, desfrutar emoções e de sentir necessidades próprias. Todos os animais devem ser respeitados pois todos tem a capacidade de sofrer e de se sentirem afectados pelos actos que são feitos contra eles.

Ao renunciar o especismo estamos também a defender a igualdade entre todos os animais humanos e não-humanos. Não são raras as pessoas que se opõem fortemente à matança de cães e gatos para consumo, mas aceitam facilmente e incluem nos seus menus porcos, vacas e galinhas. Esta diferenciação prejudica fortemente todos os animais.

Quando renunciamos ao especismo defendemos a igualdade e respeito por todos os que tem a capacidade de sofrer ou de desfrutar emoções.

sociedadevegan.com

dezembro 09, 2011

Anúncios sexistas

Hoje em dia os publicitários têm muito cuidado ao conceber as suas campanhas. Más experiências anteriores, com anúncios que ofendiam certas pessoas ou classes sociais, fizeram-nos aprender. Conheça alguns cartazes não muito antigos em que o objecto de humilhação era mais de metade da população mundial: a mulher. Humor de mau gosto...
 Anúncios sexistas
"Quer dizer que uma mulher consegue abri-lo?"
Publicidade enganadora, agressiva ou subliminar são conceitos que nos soam familiares. Efectivamente, não há muitas regras no mundo da publicidade para além dos limites éticos de quem a concebe e promove. Obcecados com as vendas e os lucros, promotores e publicitários não olham a meios para persuadir os consumidores a comprar os seus produtos. Todos temos memória de algumas campanhas chocantes, mas nem por isso menos eficazes. Até há cerca de 20 anos, mais ou menos, era possível ver em várias campanhas mensagens ofensivas para determinadas pessoas ou grupos sociais. Sempre que necessário recorria-se a conteúdos racistas e sexistas onde o objecto humilhado era frequentemente a mulher.
Esta utilização continuada da mulher em tom depreciativo explicava-se, na lógica fria da publicidade, porque o público alvo eram os homens - eram eles que ganhavam o dinheiro e, consequentemente, o gastavam. Eram, pois, os potenciais compradores, mesmo que os produtos se destinassem às mulheres. As situações criadas e os chavões comerciais dos publicitários serviam-se frequentemente do humor (ainda hoje se servem), mas um humor boçal, primitivo e de mau gosto, em que a mulher fazia literalmente de palhaço.
Felizmente hoje em dia já não é assim. Há mais respeito e cuidado com as mensagens publicitárias que se enquadram na linha do "politicamente correcto". Os publicitários e anunciantes aprenderam, dir-nos-ão. Se nos permitem, duvidaremos de tanta bondade. O que aconteceu simplesmente é que aqueles indivíduos e grupos que antes eram ridicularizados se tornaram também potenciais compradores. As mulheres deixaram de ser empregadas domésticas não remuneradas e abraçaram carreiras profissionais. Ganham os seus salários e gastam-nos, não necessariamente no mesmo que os homens. E os publicitários - e publicitárias - sabem-no bem.
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Toda a mulher tem um problema com a sua figura! Os simpáticos fabricantes de lingerie "Spirella" queriam convencer todos os indivíduos do sexo feminino que as suas linhas não eram... hum... ideais (nenhuma mulher gosta de se ver ao espelho, é sabido). Mas eles tinham a solução: não era necessário ir para o ginásio moldar o corpo; bastava vestir uma das suas peças milagrosas!
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O Chef faz tudo excepto cozinhar - é para isso que servem as mulheres! Este robô de cozinha da Kenwood podia fazer tudo excepto retirar às mulheres o imenso privilégio de cozinhar. Repare-se no ar feliz do casal (na altura não eram precisos psiquiatras).
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Se o seu marido alguma vez descobre... Que ela anda com outro? Não. Simplesmente que não comprou a nossa marca de café. Absolutamente imperdoável.
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Shhh! A mamã está no caminho da guerra! E porquê? Porque as lides domésticas a deixaram cansada e irritável. E então estraga o dia (ou a melhor parte dele) aos machos da casa. Mas se ela usasse o sabonete "New Ivory" acalmava os nervos...
 Anúncios sexistas
Sopre-lhe o fumo para a cara e ela segui-lo-á a qualquer parte. Concordamos em absoluto: não há nada mais irresistível do que alguém nos soprar o fumo para a cara, é evidente. Já o slogan Mantenha-a no lugar a que pertence nos deixa algumas dúvidas quando à sua eficácia na venda de sapatos para homem.
 Anúncios sexistas
"Se alguma vez partisses as unhas 14 vezes a limpar um forno saberias porque eu quero tanto este que se limpa sozinho." A mensagem deste anúncio era duplamente negativa. Por um lado transmitia a ideia de que a mulher era uma criatura desajeitada e fútil, obcecada com as suas unhas; por outro, de que o seu lugar era na cozinha. Ao afirmar Cuide da sua casa enquanto cuida do seu peso, o segundo anúncio pretendia apenas vender vitaminas. Certo.
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Quanto mais a mulher trabalha, mais bonita se torna! - desde que seja trabalhar em casa, claro, porque sempre É bom ter uma mulher por casa.




Fonte: obvious

julho 07, 2010

Ecologia? Não, obrigado, já escovei os dentes

Vanguarda Abolicionista - Marcio de Almeida Bueno


Gostaria que não fosse assim, mas há uma cisão aparentemente irremediável entre o movimento ambientalista e os defensores dos direitos animais. Quem olha de fora até imagina que se anda de braços dados, caminhando e cantando e seguindo a canção, mas a verdade é que há uma eterna rota de colisão.

Para quem é anti-especista, aceitar a pecuária mas elaborar projetos para salvar o ‘bibibó-do-bico-amarelo’ é contrasenso. Milhares de animais mortos no dia-a-dia, ok. Não se preocupar com alguns especimes de determinada área, errado.

junho 15, 2010

Movimento combate o 'especismo'

Criada pelo filosofo australiano Peter Singer, a luta contra o "especismo" vem crescendo em todo o mundo. Trata-se de um movimento contra a discriminação dos animais, da mesma forma como se condena o racismo e o sexismo, entre os humanos.

Segundo especialistas no assunto, especismo é a discriminação baseada unicamente na diferença das espécies. "As pessoas pressupõem que os interesses de um indivíduo de outra espécie animal são de menor importância pelo mero fato de pertencer a um determinado grupo. Quem discrimina os animais acredita que a vida de um membro da espécie humana tem mais importância do que a vida de qualquer outro ser", defendem.

O movimento pelos direitos dos animais considera que todos os animais, humanos ou não, merecem viver de acordo com sua própria natureza, sem serem feridos ou abusados.

Seus principais objetivos são abolir a exploração e o abate de animais para consumo ou uso humano - recomendando o vegetarianismo-, fim da exploração de animais para entretenimento - circos, touradas, zoológicos -, e o fim da utilização de animais em experimentos científicos.

Fonte: odiario.com

junho 06, 2010

Especismo????




Estive pensando esses dias...

A perspectiva especista sempre me desagradou. Achava o cúmulo dar tratamento diferenciado à humanos em detrimento dos animais. Porém, percebi algo de contraditório na idéia, quando estava pensando sobre a questão da superpopulação mundial. Formou-se um certo paradoxo irreconciliável entre partes, e estou em uma... situação filosófica difícil.

Costumo atribuir à enorme população mundial os prejuízos não só ao ambiente natural, mas também às condições de vida humana individual. A super-população contribui para a escassez de recursos, para o desemprego, para a proliferação de doenças, além de nos atingir por ferir a nossa tendência intrínseca ao territorialismo. Definitivamente, um espaço mínimo de distância do outro é necessário para a manutenção de nossa sanidade mental.

Dentro das análises de causas X consequências do tema, me revoltava enxergar o tamanho da irresponsabilidade que é continuar a seguir esse caminho, ou seja, continuar a planejar filhos dentro do panorama em que estamos vivendo. Não que eu seja a favor de negar esse direito às pessoas, mas creio que é o bastante ter UM filho. Se cada casal tivesse apenas uma criança, dentro de alguns anos a população mundial seria reduzida à metade.

Entretanto, sabemos que QUALQUER espécie com vantagem seletiva sobre as outras irá crescer em progressão geométrica até que os recursos se esgotem. Porém, sendo o Homo sapiens dotado de consciência, somos capazes de reverter a situação, pois, como somos capazes de tomar conhecimento dela antes de seu ponto culminante, podemos reverter o quadro.

É aí que mora a minha dúvida... O anti-especismo reza a cartilha da igualdade de direitos entre espécies. Partindo dessa premissa, então sou obrigada a inocentar o Homem quanto à questão de seu impulso proliferativo, visto que, como já comentei anteriormente, qualquer outra espécie faria a mesma coisa que nós: Iria se proliferar até o alimento acabar e a população começar a decrescer por conta da mortalidade causada pela fome. Gafanhotos não pensam que estão sendo tiranos e estão tirando o direito de outras espécies sobreviverem quando atacam plantações e as destroem por completo. E ninguém dirá por aí que gafanhotos são egoístas por conta disso...

Porém, se eu resolver considerar o Homem culpado pela proliferação irresponsável que super povoa o mundo, terei de admitir que nossa espécie tem algo de especial, visto que nenhuma outra teria atitude diferente. Se eu cobro do Homem uma postura responsável, estou admitindo que ele difere das outras espécies, e, portanto, que está além delas em termos de planejamento inteligente, e então, estarei admitindo a superioridade do Homo sapiens frente a outras espécies.

O problema do anti-especismo é que, embora essa perspectiva dê à todas as outras espécies igualdade de direitos, dá ao Homem uma carga muito maior de deveres e cobranças. Por quê? Não somos, por acaso, todos iguais? Por que não nos revoltamos contra todas as espécies animais e vegetais que são parasitas, tais como carrapatos ou a Cuscuta racemosa(cipó-chumbo), já que estas também se valem da vida de outros para que possam existir? Vamos gritar para formigas e vespas que elas são especistas, visto que utilizam outros insetos, como escravos! Nossa, como elas são más, egoístas e sem coração! *

Será que se qualquer espécie adquirisse nossa capacidade intelectual, por conta de uma mutação aleatória (que justamente por ser aleatória, como defendem os evolucionistas, pode ocorrer a qualquer momento), os indivíduos que a compõem não fariam exatamente o que fizemos?

Talvez esse surto de “miguxice” (argh!) animal seja apenas o resultado da procura racional de razões para que as pessoas possam expressar suas tendências misantrópicas sem parecer esquisito àquele que está com raiva do mundo (e admito que eu mesma me encontro nesta posição várias vezes)... O Homem costuma buscar no intelecto soluções viáveis para dar vazão a seus pulsos emocionais, que por serem instintivos, possuem cunho intrinsecamente irracional. Na sociedade em que vivemos hoje, onde o sentir não é valorizado, mas sim o pensar, cobramos de nós mesmos motivos concretos e racionais para explicar nossos pulsos emocionais. É aí que na maior parte das vezes caímos na confusão. E no engano. Afinal de contas, não é porque a lógica está correta que a conclusão também o será, pois tudo dependerá das hipóteses iniciais escolhidas para ordenar o sistema lógico. Se partirmos da utilização de premissas erradas, ainda que a teoria resultante esteja bem ‘amarrada’ ela não passará de um monte de mentiras amontoadas de forma elegante. Nada mais nada menos que um delírio extravagante.

Estou cada vez mais inclinada a achar que tudo isso não passa de vaidade humana, pois, ao longo da História, parece que o principal passatempo do Homem é apontar o dedo para os outros, para poder afirmar sua superioridade frente a outros Homens, num dia colocando na cruz os negros, no outro judeus, pagãos, gays, etc. Não estou me excluindo desse grupo. Se eu me encarar segundo esta perspectiva, vejo que também sou bastante vaidosa e metida a Dona-da-Verdade, pois volta e meia aponto meu dedinho para aqueles que ainda insistem em ter uma penca de filhos, só que hoje já não sei mais se somos tão culpados assim, visto que somos tão animais quanto qualquer outro, e talvez a tão falada ‘consciência humana’ não passe de pretensão antropocêntrica. Mas eu estou ideologicamente ‘fora de moda’ nas minhas ‘perseguições’. Hoje pseudo-ambientalistas crucificam os que não partilham de seus dogmas ‘vegangélicos’. É o up to date do momento... Uau! É crème de la crème ser militante da causa animal.
(Sempre achei que tudo que se populariza se denigre. Será que assistiram muito Walt Disney e ficaram românticos com relação à maneira como olham para a Natureza, achando que todo animal é “bonzinho”?)**

Então das duas uma: ou me declaro anti-especista e usufruo de todos os direitos que os militantes da causa propõem aos animais, ou me declaro especista e me trato como um ser à parte dentro do ecossistema. Se declarar anti-especista e cobrar do Homem deveres que os animais não tem é constituir uma falácia.

Me pergunto, e amanhã, o que vai ser? Quem será o culpado dos males do mundo, o perseguido? A impressão que tenho é que mesmo nesta sociedade tão intelectualizada, lógica e racional em que vivemos, as pessoas nunca deixaram de acreditar no diabo. Ele só foi mudando de nome e forma ao longo do tempo... Hoje, se chama Homem.

De volta à Idade Média (se é que um dia saímos dela)...

maio 14, 2010

Os Treze Especistas


Nesse artigo, venho mostrar casos tanto ordinários quanto extraordinários de especistas. São modelos baseados em pessoas que realmente conheci, pessoalmente ou através de seus escritos.
Qualquer semelhança poderá, ou não, ser mera coincidência.

maio 07, 2010

Pasmem: trem é movido a carne bovina


Parece totalmente absurdo, mas é verdade: nos EUA, estão usando um combustível feito de carne bovina para movimentar um trem.
A operadora de trens Amtrak está fazendo testes com um biocombustível feito a partir de sobras da carne. O material mistura 80% de diesel e 20% de biocombustível. Em favor da iniciativa, a empresa argumenta que haverá o corte das emissões de hidrocarboneto e monóxido de carbono em 10%. Além disso, haveria uma redução de partículas de 15% e de sulfatos em 20%, numa comparação com o diesel.
O teste com o novo biocombustível vai durar 12 meses e será feito com o trem que vai diariamente das cidades de Oklahoma a Forth Worth.
Fonte: BlogAr Puro 

maio 06, 2010

Bicho não é gente




O colunista de Zero Hora Cláudio Moreno, em sua coluna de 4 de maio de 2010, conseguiu provar que é possível ser culto em uma área do conhecimento e ser curto em outras.
Para o articulista, em seu artículo “Bicho não é gente” (leia-o na íntegra, ao final desta mensagem), “Há gente pregando por aí o fim de qualquer limite, rebaixando o homem e endeusando o animal, a quem atribuem “direitos”. Mas são seres irremediavelmente diferentes! Eles têm lá seus sentimentos, desenvolvem algumas habilidades, trocam mensagens básicas com os demais membros da espécie – mas isso é tudo. Só nós temos a capacidade de dizer não a nossos instintos, só nós podemos ter consciência de nós mesmos (e disso o nosso rosto é a expressão mais visível) e só nós nos preocupamos em definir os limites éticos de nossa relação com os animais. Eles não têm direitos; nós é que temos deveres para com eles…”.

fevereiro 12, 2010

Abolicionismo, Especismo, Direitos animais, Veganismo, Libertação Animal

ABOLICIONISMO




Direitos Animais. Teoria Abolicionista em 6 pontos principais
© Gary L. Francione


1. Todos os seres capazes de sentir (seres sencientes), humanos ou não-humanos, têm um direito: o direito básico de não ser tratados como propriedade dos outros.


2. Nosso reconhecimento desse direito básico significa que devemos abolir, em vez de simplesmente regulamentar, a exploração institucionalizada dos animais — porque ela pressupõe que os animais sejam propriedade dos humanos.


3. Assim como rejeitamos o racismo, o sexismo, a homofobia e o preconceito contra as pessoas de idade, rejeitamos o especismo. A espécie de um ser senciente não é razão para que se negue a proteção a esse direito básico, assim como raça, sexo, orientação sexual ou idade não são razões para que a inclusão na comunidade moral humana seja negada a outros seres humanos.


4. Reconhecemos que não vamos abolir de um dia para o outro a condição de propriedade dos não-humanos, mas vamos apoiar apenas as campanhas e posições que promovam explicitamente a agenda abolicionista. Não vamos apoiar posições que reivindiquem supostas regulamentações “melhores” da exploração animal. Rejeitamos qualquer campanha que promova sexismo, racismo, homofobia ou outras formas de discriminação contra humanos.


5. Reconhecemos que o passo mais importante que qualquer um de nós pode dar rumo à abolição é adotar o estilo de vida vegano e educar os outros sobre o veganismo. Veganismo é o princípio da abolição aplicado à vida pessoal. O consumo de carnes (vaca, ave, pescado, etc), de laticínio, ovo e mel, assim como o uso de animais para roupas, entretenimento, pesquisa ou qualquer outro fim, são incompatíveis com a perspectiva abolicionista.


6. Reconhecemos a não-violência como o princípio norteador do movimento pelos direitos animais.


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O abolicionismo, dentro do movimento pelos direitos animais, é a ideia de que a posse legal de animais não-humanos é injusta e deve ser abolida antes que o sofrimento animal possa ser substancialmente reduzido. A postura abolicionista é a de que concentrar-se no bem-estar animal não apenas não questiona o sofrimento animal, mas também pode, na realidade, prolongar esse sofrimento, ao fazer com que o exercício do direito de propriedade sobre os animais pareça menos indesejável. O objetivo dos abolicionistas é assegurar uma mudança de paradigma no plano moral e legal, por meio da qual os animais deixem de ser considerados propriedade.
Um dos mais importantes escritores abolicionistas é Gary Francione, professor de Direito e Filosofia da Rutgers School of Law-Newark, Estados Unidos. Ele se refere a grupos pelos direitos animais que lutam pelas questões do bem-estar (tais como a PETA – People for the Ethical Treatment of Animals) como os “novos bem-estaristas” ou “neobem-estaristas”, argumentando que a intervenção desses grupos pode fazer o público se sentir mais à vontade quanto a usar animais, o que reforça mais ainda a condição dos animais como propriedade. A postura de Francione é a de que não há, de fato, um movimento pelos direitos animais, nos Estados Unidos.


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“Especismo é errado porque, assim como racismo, sexismo e homofobia, exclui seres sencientes da plena participação na comunidade moral com base em características irrelevantes. Raça, sexo, orientação sexual e espécie é irrelevante para a capacidade de ser prejudicado. Mas a rejeição do especismo nesse grupo implica a rejeição da discriminação baseada em raça, sexo e orientação sexual.” 


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A posição dos direitos animais é a de que não temos nenhuma justificativa moral para explorar os não-humanos, por mais “humanitariamente” que o façamos. O objetivo dos direitos animais é a abolição do uso dos animais.


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Veganismo é uma filosofia de vida motivada por convicções éticas com base nos direitos animais, que procura evitar exploração ou abuso dos mesmos, através do boicote a atividades e produtos considerados especistas.

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fevereiro 11, 2010

Projeto de lei busca proibir peles em Israel



Israel pode tornar-se o primeiro país no mundo sem peles de animais, com exceção prevista apenas para o ‘shtreimel’ (foto), que é um tipo de chapéu de pele usado pela comunidade religiosa hareidi. Um projeto de lei aprovado no último domingo pelo Comitê Ministerial da Lei expande a lei atual e proíbe a importação, exportação, produção e comercialização de peles. O projeto foi proposto por Ronit Tirosh, membro do partido Kadima Knesset.
A lei atual cobre apenas peles de cães e gatos, mas o ministro da agricultura Shalom Simchon apoiou a inclusão de todo tipo de pele. Se o projeto for aprovado, Israel será o primeiro país do mundo a adotar uma proibição de peles quase total. Pele de bovinos (couro) não é incluída no projeto, assim como lã de carneiros e pelo de camelo e caprinos.
Simchon, um ministro do partido Labor, disse que a lei é necessária porque a indústria de peles é cruel com os animais, cujas peles muitas vezes são arrancadas enquanto eles ainda estão vivos.
Fonte: IsraelNN.com

janeiro 07, 2010

Abolicionismo: vanguarda utópica ou futurista?

Jean Pierre Verdaguer


Desde que as primeiras civilizações vicejaram sobre a Terra, indivíduos, grupos, povos e até etnias inteiras são vítimas de agressões violentas, humilhações, explorações e escravizações. Pérsia, Grécia, Índia, China... Mesmo as aparentemente iluminadas civilizações antigas mantiveram, em algum momento, regimes escravocratas, divisão por castas e outros tipos de exploração sistemática de seres humanos. Até tribos indígenas rudimentares do Brasil pré-descobrimento tinham o costume de raptar e escravizar membros de tribos rivais, o que denota que o hábito sequer se restringe às chamadas grandes civilizações.


Na época das grandes navegações e da expansão do mundo conhecido, a economia mundial era praticamente movida sobre as sangrentas rodas e engrenagens de regimes autoritários, monárquicos e escravocratas. Com o tempo – e o advento do capitalismo primitivo –, esses regimes entraram em declínio e, conseqüentemente, para evitar o colapso total do sistema, se viram obrigados a mudar as regras do jogo. Começaram, um a um, a abolir (ou seria abdicar?) o uso de trabalho escravo, entre outras medidas.



Embora muitos pensem que essas atitudes libertárias tenham sido desencadeadas pelos novos paradigmas iluministas e positivistas, ou por grandes levantes liderados por idealistas abolicionistas que forjaram, na marra, a libertação maciça de escravos, a nada romântica realidade é que os senhores de escravos vislumbraram promissoras vantagens econômicas em se desfazer daqueles trabalhadores – cuja subsistência dependia totalmente dos “donos” –, e substituí-los por outros bem mais baratos: assalariados, que davam o sangue com muito mais boa vontade e a custos muito menores.



Apesar disso, quase 150 anos depois da abolição, o Brasil continua sendo palco de notícias sobre trabalhadores encontrados em regime de escravidão ou semi-escravidão, nas barbas do poder público e às vistas da mídia onipresente, à taxa média, juram as estatísticas, de 25 mil novos escravos por ano!



No mundo todo, estima-se que existam 40 milhões de trabalhadores escravizados, 8 milhões de crianças tratadas como mercadoria e de 4 a 5 milhões de mulheres em situação de servidão sexual.



Também se fala em cerca de meio bilhão de pessoas maltratadas e impiedosamente exploradas em campos de mineração, estivas portuárias, latifúndios em áreas remotas, indústrias pesadas e etc, recebendo remunerações tão espantosamente baixas que chegam a soar improváveis quando trazidas à luz de reflexões sociológicas.



Sem contar a infinidade de mulheres acintosamente humilhadas – muitas das quais mutiladas! –, obrigadas a se submeter a tradições e leis machistas, preponderantes no oriente médio, na áfrica e em tantos outros lugares.



Os casos de violência doméstica, no mundo, contra crianças, mulheres, deficientes e idosos, são tão numerosos que carecem de estatísticas confiáveis. Podem beirar dois bilhões de ocorrências diárias!



O ser humano – assim parece –, por definição, explora. Pai explora filho, marido explora esposa, neto explora avô, irmão explora irmão, patrão explora funcionário, fortes exploram fracos, poucos exploram muitos, corporações exploram milhares, igrejas exploram milhões, tiranias e etnias exploram bilhões...



Daí o monumental obstáculo que emperra a eficiência do movimento pelo abolicionismo animal: agindo junto a uma sociedade de humanos que histórica, diária, sistemática e inevitavelmente exploram impiedosamente uns aos outros, torna-se humanamente impossível lhes inocular a noção de que não é razoável abusar dos outros animais.



Em outras palavras, como sugerir o uso do senso ético a uma sociedade que sequer veio com esse software instalado?



Assim sendo, como, em sã consciência, pode um ativista do direito animal pregar o abolicionismo total e irrestrito e não se abalar diante dos pálidos resultados dessa luta inglória? O desafio, hercúleo, é tamanho que se torna quase uma missão mítica, utópica, profética... Tende a virar questão de fé e acaba assumindo ares de religião, com direito inclusive a seus dogmas, tabus e estigmas.



Um dos maiores problemas que a dogmatização do abolicionismo acarreta, para a própria causa que defende, é a pressão contrária que muitos de seus adeptos freqüentemente exercem sobre uma corrente diversa de defesa dos direitos animais, que chamam – em geral, pejorativamente – de bem-estarismo. Para o pensamento abolicionista mais ortodoxo, o bem-estarismo traria prejuízos incalculáveis à “verdadeira” causa do direito animal, por lutar “apenas” por melhorias nas condições de criação, tratamento e abate dos bichos. “Ora”, afirma-se com fervor, “se o mundo todo adotar o bem-estarismo como meta, logo os animais estarão sendo tão ‘bem-tratados’ que será inútil qualquer iniciativa para tentar livrá-los definitivamente da sina da exploração comercial humana”.



O que tal pensamento não considera – ou reluta em admitir – é que, embora todas as premissas e justificativas do abolicionismo integral sejam coerentes do ponto de vista ético, a sociedade humana simplesmente ainda não se mostra pronta para aplicá-las na prática.



O abolicionismo é, por assim dizer, uma corrente de pensamento de ultra-vanguarda, muito à frente do seu tempo, apesar de já existir há mais de um século. É, porém, um movimento necessário e se faz premente que haja associações de pessoas dispostas a levá-lo adiante. Mas essas pessoas não deveriam perder de vista a perspectiva de que somente mudanças gerais e profundas nos paradigmas de funcionamento da sociedade moderna é que levarão ao cabo os últimos (primeiros?) objetivos abolicionistas. E que essas mudanças ainda podem levar muito tempo, em vista do atual padrão de consumo global e da ideologia vigente.



Suas ações podem e deverão ser fundamentais na aceleração do processo de mudança desses paradigmas, mas será muito mais crucial a influência do fator que sempre pesou sobre a humanidade: a conveniência econômica. Assim como os regimes escravocratas deram lugar ao regime assalariado por motivos econômicos, a exploração de animais só terá fim quando se provar inviável economicamente. E isso, não graças a fatores muito animadores, deverá obrigatoriamente acontecer dentro de mais algumas décadas.



Por sinal, eis a brecha por onde entram em ação as principais armas das correntes abolicionistas mais “produtivas” hoje: as frentes de libertação animal que visam à deterioração da indústria exploratória, como a ALF, impondo dificuldades ao funcionamento do sistema e causando prejuízos tanto materiais como morais às empresas e instituições que se aproveitam de animais. Essas organizações, em geral clandestinas ou “extra-oficiais”, têm logrado, a seu modo, conquistas importantes para a causa abolicionista. Além da liberação efetiva de muitos animais, conquistam exposição na mídia para o conjunto de pensamentos em favor da defesa dos direitos dos animais, levando o debate ao alcance de uma opinião pública historicamente privada de tais informações.



No âmbito das iniciativas menos agressivas e mais políticas do ativismo abolicionista, alguns avanços se fazem possíveis, mas também são confrontados com fatores de ordem econômica. As chances de sucesso de ações jurídicas, manifestações populares, campanhas informativas e pressões políticas contra as atividades de um circo, por exemplo, são bem maiores do que contra um festival de rodeio. Isso porque ações abolicionistas diretas surtem tanto mais efeitos positivos, quanto menos interesses econômicos e políticos estiverem em jogo. Como, de resto, tudo o mais na sociedade moderna.



Essa lógica nos obriga a constatar que as indústrias alimentícia e de pesquisa científica, que envolvem lobbies particularmente poderosos e cifras virtualmente inimagináveis, estão praticamente fora do alcance do ativismo abolicionista. Na atual conjuntura global, quase nada pode ser feito no sentido de obtenção de moratórias de exploração animal por esses setores. Podemos dizer que o mesmo ocorre, em menor escala, com a indústria da moda, que é alvo freqüente de ações e manifestações e, ainda assim, absorve facilmente os prejuízos causados e mantém o negócio de couro e peles funcionando a todo vapor.



Bem, se admitirmos que a sociedade moderna de consumo não está (ainda) pronta para absorver integralmente os ideais abolicionistas e que, por mais que o ativismo se incremente e avance na direção de dificultar as coisas para as indústrias exploratórias, ainda levará décadas até que seja factível aplicar na prática esses mesmos ideais com eficiência, não faz nenhum sentido se opor tão radicalmente ao chamado bem-estarismo animal. Não, ao menos, do ponto de vista da geração de animais que está sofrendo agora: hoje, no mundo todo, são cruelmente abatidos mais de 2 mil animais por segundo! E todos mortos depois de terem vivido sob as condições mais miseráveis que se possa imaginar.



Inevitavelmente, essas décadas, que podem ser cinco, seis ou mais, transcorrerão paralelamente ao sofrimento de trilhões de animais, que não terão outra alternativa senão a melhoria de suas condições de vida e abate, até que a revolução abolicionista se torne viável. Eis um paradoxo desconcertante e ardilosamente difícil de equacionar: a oposição ferrenha ao bem-estarismo não tem nos orientado rumo ao abolicionismo e ainda leva à divisão, em facções, um contingente de ativistas que, unidos, teriam muito mais influência e poder de fogo para acelerar o processo rumo ao abolicionismo integral.



É curioso notar que ambas correntes ideológicas criticam-se amiúde e mutuamente, mesmo quando é evidente que suas causas favorecem os mesmos sujeitos (os animais explorados) e seus objetivos são perfeitamente compatíveis (diminuição do sofrimento, de um lado e, do outro, fim da exploração).



Não se trata de sugerir que abolicionistas abram mão da legitimidade de seus ideais, nem de pedir para aderirem ao bem-estarismo. Mas, antes, de convidá-los a encarar as duas modalidades de defesa dos direitos dos animais como estratégias complementares, cada uma a seu tempo, com seu ritmo e em seu contexto. Trata-se, por fim, de dar vazão à razão concomitante a paixão, equilibrando-as numa receita que lhes permita enxergar, no que chamam de bem-estarismo, a solução para uma demanda imediata de bilhões de animais que, no curto prazo, não serão libertados em nenhuma hipótese, mas que têm chance real da conquista de condições de vida menos desfavoráveis. E de focalizar os esforços estritamente abolicionistas nas ações que visem à futura e definitiva eliminação, a médio e longo prazo, dos monstruosos “estoques vivos” mantidos pela indústria exploratória.



Para terminar, uma proposta de exercício imaginativo em que não há respostas, apenas perguntas.



Se houvesse tecnologia para entender o pensamento animal, e se com ela pudéssemos escutar o que diz um porco em sua baia minúscula, muito provavelmente ouviríamos “por favor, irmão, eu lhe imploro, trate de convencer os humanos de que não está certo o que fazem conosco”, numa súplica que nos indicaria claramente o caminho do abolicionismo.



Sendo honestos com o porco, teríamos que responder, “estamos fazendo todo o possível, mas os humanos não são fáceis de lidar, são séculos de hábitos arraigados para transcender. Continuaremos lutando pela abolição com todas nossas energias. Mas, por hora, o máximo que podemos fazer é aumentar o tamanho de seu cativeiro, melhorar suas condições de vida e amenizar os horrores da sua morte”.



Como será que ele reagiria? “Muito obrigado por seus esforços, todo alívio é bem-vindo! E tomara que consiga nos libertar no futuro”. Ou “muito obrigado, mas se não pode libertar a mim e aos meus, migalhas bem-estaristas jamais aceitaremos”.



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dezembro 22, 2009

Projetos de proteção animal

Dois dos assuntos do Estúdio 36 de hoje eram relacionados à proteção animal.

Conversei sobre a programação dos 30 anos do Tamar, um projeto de conservação marinha que é hoje referência mundial. A banda catarinense Dazaranha foi convidada para gravar uma música sobre o tema. Lenine, Margareth Menezes e Luiz Caldas participam do CD.

Aqui em Florianópolis a sede do Tamar, a única no sul do país, é aberta diariamente à visitação. Mais informações no www.tamar.org.br ou no http://www.tamar30anos.com.br/.

O outro assunto, o livro Eternos Abarés, editado pela Associação Abaré de Proteção Animal. São contos e crônicas assinadas por donos de animais, todos os textos com histórias reais para despertar o sentimento de respeito. Encomendas do livro podem ser feitas pelo e-mail contato@abare.org.br e mais informações, em www.abare.org.br. A verba arrecadada com a venda do livro vai ser revertida para serviços da associação.

Fonte

dezembro 01, 2009

Direitos animais: O enfoque abolicionista.

Atualmente, o abolicionismo reclama a necessidade de uma clara definição de seu conceito para entender a importância que possui em relação à concessão de direitos aos animais. Tento aqui prevenir um possível uso maléfico, através de versões extensivas ou ambíguas, preservando o conceito para não desgastar o termo.




O abolicionismo nega a condição de propriedade dos animais não-humanos. Encara um ponto de partida diferente daquele habitualmente considerado para a defesa dos animais, possibilitando um novo e eficaz marco teórico para a análise da realidade. Graças a ele, podemos começar a formular novas perguntas, ao invés de continuar insistindo na ineficiente procura por mais respostas para as mesmas perguntas de sempre, abordando assim novas perspectivas. Julgam-no “extremista”. Na realidade, isso é só aparência. Verdadeiramente extremista é o grau de opressão e utilização a que sujeitamos os animais não-humanos, apropriando-nos das suas vidas de maneiras espantosas e incontáveis.



Na teoria dos direitos animais do professor Gary L. Francione, o termo “abolicionismo” é conceituado pelo autor quando se refere às medidas legais cabíveis no sentido de suprimir a condição de propriedade dos não-humanos. Estas medidas, consideradas dentro do objetivo abolicionista – e opostas, portanto, à reforma bem-estarista, que considera seguir utilizando os animais como recursos – são chamadas de “proibições”, para que não ocorra confusão com o objetivo final a longo prazo, qual seja, a abolição da propriedade de animais não-humanos[1]. Os critérios que Francione indica para considerar estas proibições como parte da mudança final no sentido da abolição são colocados para dar início, e não para finalizar a abordagem deste assunto. O indiscutível é a diferença entre estas e a reforma bem-estarista, útil para quem defende a postura filosófica do bem-estar animal, que são aqueles que, em definitivo, a formularam e a fomentam desde organizações ad hoc – como, por exemplo, os Colégios de Veterinários, organizações bem-estaristas, projetistas de abatedouros ao estilo Temple Grandin, indústrias exploradoras ou entidades protecionistas - que “só se dedicam aos animais sem lar”. Desta maneira, o abolicionismo refuta as campanhas e os projetos legislativos bem-estaristas de qualquer natureza, sem importar quem os sustente, porque só procuram uma mudança no trato aos animais não-humanos, sem questionar a utilização em si dos mesmos. A reforma, introduzindo supostas melhoras, vai no sentido inverso ao do projeto abolicionista, porque serve aos interesses de propriedade dos exploradores e é por isso que para estes elas são aceitáveis. Estas reformas não são feitas com o fim de ajudar aos animais não-humanos a saírem paulatinamente do controle daqueles que os exploram, bem como sequer evitam formas de exploração maiores e mais sofisticadas.



Nesse sentido o abolicionismo é semelhante, por exemplo, ao movimento contra a escravidão à qual institucionalmente estiveram submetidos os povos de ascendência africana. Os mesmos foram considerados propriedade dos senhores brancos, sendo comercializados principalmente com o objetivo de servir de mão-de-obra e serventes aos seus amos conquistadores e exploradores do Novo Mundo. Eric Williams considera que a origem da escravidão negra foi econômica e não racial: teria se originado na necessidade de baixo custo da mão-de-obra e não na cor do trabalhador, sendo o racismo uma racionalização posterior para justificar a opressão de outros seres humanos [2]. Desta forma, o “complexo de superioridade” que cultivou o racismo, baseado nas características biológicas e hereditárias assinaladas como símbolos de inferioridade – e não de diferenciação - do grupo dominado, sustentou e perpetuou o sistema, inclusive depois da abolição. Assim, a violência se mostra endêmica ao controle da posse de animais que têm o impulso de escapar, revelando que a escravidão é algo mais que um problema econômico. O racismo e o especismo transitam em patamares similares. É que as coisas não são coisas: são sempre coisas “de alguém”. E nesta sociedade, esse “alguém” pode possuir estas “coisas” tanto para levá-las a dar um passeio pelo parque quanto para convertê-las em um rentável escravo [3].



A ideologia do bem-estar animal, que orienta e explica a regulamentação das atividades que exploram os não-humanos como recursos, se projeta operativamente na aplicação das leis vigentes. Porém com o nascer de cada dia, continuam havendo vítimas e carrascos nos abatedouros, produtos e consumidores nos negócios, livres e escravos nas crenças. O ser sensível “protegido” - na terminologia da normativa bem-estarista - segue sendo matéria prima para produzir presunto, queijo ou corpos de experimentação. Segue degradado aos limites da jaula e do matadouro. O agir humano, conforme estas leis, não resultou em mudanças consideráveis no nível de desprezo pela vida não-humana. O público consome os animais com a convicção de que há organizações que lutam no combate à extinção e pelo tratamento digno, e colabora com sua assinatura quando perguntado se estes animais importam.



Em 1996, Francione escrevia o que iria repetir em janeiro de 2007 numa entrevista para o VeganFreak [4]: Neste momento da história da relação entre os humanos e os demais animais, os ativistas não deveriam usar seus recursos para tratar de conseguir mudanças legislativas pró-abolição, isto porque esta medidas inovadoras teriam que reunir critérios muito difíceis de alcançar. São eles [5]:



1.Deve constituir uma proibição.

2.A atividade proibida deve ser parte integrante de uma instituição exploradora, constituindo uma atividade da mesma.

3.A proibição deve reconhecer e respeitar o interesse não-institucional do animal. Isto é, um interesse real de indivíduo e não o do seu proprietário para explorá-lo.

4.Os interesses dos animais não podem ser negociados. Isto significa que devem prevalecer mesmo que isto não implique em benefícios para os humanos.

5.A proibição não deve dar espaço a formas alternativas, supostamente mais “humanas”, de criação dos animais. É o caso típico de permitir a criação extensiva de animais – em vez de intensiva - na indústria de utilização de animais e de produtos alimentares de origem animal.

Não só estes critérios são difíceis de se reunir como também são difíceis de se exigir numa campanha, estando tão enraizada a idéia da propriedade de seres sencientes não-humanos. Francione considera necessário que toda energia disponível seja dirigida no sentido de semear uma mudança de paradigma centrada na negação do uso e da exploração dos animais não-humanos, para construir um movimento social e político que possibilite alcançar estas proibições rumo à abolição da escravidão. Isto conduziria à adoção do veganismo como aplicação do abolicionismo na vida diária.



Necessitamos perceber os profundos laços que existem entre a exploração animal, a economia e a sociedade em si mesma, num momento de absoluta crise ambiental cujas principais causas se situam na idéia do domínio sobre a natureza e na separação entre o humano e o resto da animalidade não-humana numa tentativa de justificar esta opressão. Uma mudança de atitude das pessoas gerará uma mudança significativa na condição em que hoje padecem milhões de não-humanos. Neste sentido, o veganismo é uma atitude de respeito a toda vida animal não-humana senciente, que implica num modo de vida onde se evitam voluntariamente o uso, consumo e/ou participação em atividades derivadas desta escravidão, exploração e morte. Não é um fim em si mesmo, senão a lógica conseqüência de um olhar não-instrumental sobre os não-humanos, que os reveste com um valor inerente.



O movimento pelos direitos animais teve início há pouco tempo. O abolicionismo questiona a servidão e propõe na prática uma transformação real na nossa relação com os animais não-humanos. Como abolicionistas, nossa tarefa consistirá em criar diariamente este movimento através de milhares de movimentos locais livres de contradições e repletos de receitas antiespecistas: todas 100% vegetarianas.



Referências:

[1] Francione, Gary L., “Rain without Thunder. The Ideology of the Animal Rights Movement”, Temple University Press, 1996.

[2] Williams, Eric E., Capitalism and Slavery, New York, 1966.

[3] Ver as relações das leis bem-estaristas com as demais normas jurídicas e sócio-econômicas em: Aboglio, Ana María, O liberacionismo e atual sociedade escravagista. Dizer e fazer hoje para encurtar o tempo da colheita.

[4] Entrevista a VeganFreak, disponível em: http://podcast.veganfreak.com/audio/veganfreak-2007-02-04-76047.mp3

[5] Ídem nota 1. Vale recordar a epígrafe escolhida para este livro: “Se não há luta, não há progresso. Aqueles que dizem defender a liberdade e no entanto deploram a agitação... querem chuva sem trovões nem relâmpagos.” Frederick Douglass.

 
 
© Ana María Aboglio
Advogada, especializada em Direitos dos Animais.


© Tradução: Lucas Laitano Valente – © Ediciones Ánima.