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maio 14, 2010

Os Treze Especistas


Nesse artigo, venho mostrar casos tanto ordinários quanto extraordinários de especistas. São modelos baseados em pessoas que realmente conheci, pessoalmente ou através de seus escritos.
Qualquer semelhança poderá, ou não, ser mera coincidência.

1. O vegetariano que come carne

Ele não é radical. Na verdade, ele não é nem um pouco radical. Ele é flexível, bastante flexível. “Vegetariano” pela saúde ou pelo meio-ambiente. Afinal, os animais são inferiores, e quando a mais leve fome bate a porta e o “vegetarianismo” perde sua conveniência, ele é o primeiro a devorar o defunto que jaz no meio da mesa. Normalmente esse não vê nenhum problema num copo de leite, num ovo, ou até mesmo no peixe. Pois, nenhum animal morreu para se obter o leite ou o ovo, e peixe dá em árvore.

2. O humanista sádico

Cidadão de bem. Ele quer o bem da humanidade, a frente do bem aos animais naturalmente. Normalmente, esse tipo não faz nada além de falar e falar. No máximo, faz doações irrisórias importantes (sem brincadeira) para ONGs humanitárias. Porém, ele odeia defensores dos direitos animais. Afinal, animais são inferiores do que, os também animais, humanos. Não que isso tenha alguma ligação em abster-se da exploração institucionalizada que eles sofrem, ou seja, em não viver a custa dos sofrimentos deles. É uma questão de preferência, de semelhança, tal como o racismo e o sexismo. “Brancos preferem brancos, por isso lincham negros (ou vice-versa)”; “Homens preferem homens, por isso escravizam mulheres (ou vice-versa)”. Obviamente, não há nada de errado em desviar a comida e terra arável para alimentação animal enquanto milhões estão com fome em seu próprio país. O importante é manter a pose.

3. O orgulhosamente especista

Ele é humano, se orgulha de ser humano e de ser superior que as outras espécies. Não é a toa que ele não perde vaquejada, rodeio, circo, churrasco, campanha de vacinação, caçada, pescaria… a lista continua. Se tem animal sendo subjugado, ele está lá. Ele precisa demonstrar como é superior ao ver a agonia do animal, ou seu corpo morto já… ou até mesmo pegar ele, torturá-lo e jogar para seu habitat mais uma vez. Afinal, ele é humano, superior. Tem direito de torturar, esquartejar, matar quem quiser. Isso que é ser humano para ele.

4. O protetor de animais

O correto seria colocar “protetor de alguns animais”, mas para esses animais são apenas gatos e cachorros. No máximo, algumas outras espécies de aves ou roedores “fofinhos”. Por algum motivo, eles amam esses seres ao ponto de tratarem tão bem, ou até melhor, quanto os seres humanos. Naturalmente, as outras espécies não são animais. Na verdade, eles só os conhecem já mortos… carne, defunto? Que ofensa herética. Claro que não. Carne é carne. Defunto é defunto. Respeite-os.

5. O ignorante feliz

Ele tem medo dos veganos. Não, não é que nem os pecuaristas desesperados ou as pessoas que nada tem para fazer no orkut que ficam colocando notícias patéticas de terroristas veganos nos tempos de ouro da ALF. Eles têm medo da verdade que os veganos falam. Documentário? Não obrigado. Ética? Não obrigado. Gastronomia vegana? Não obrigado, eu gosto de carne, quero continuar gostando de carne, e não quero sair de meu maravilhoso mundo mágico da Sadia.

6. O creófilo Bem-Estarista

O problema não é o uso, mas sim a forma que os humanos usam os animais. Não tem nada errado em matá-los prematuramente, escravizá-los ou algo do gênero, se os tratemos bem. Claro, eu não sei se o bife que comi ontem viveu bem nos seus campos, mas… acho que sim. Bem, eu não gostaria de ser morto e tal… nem ser escravo de ninguém. Mas isso é irrelevante, enquanto eu me sinto com consciência limpa e o dinheiro continua entrando nos cofres da indústria.

7. O bom pescador ou caçador

Ele mata sim. Ele gosta de matar. Matar é divertido. Puxar aquele gatilho ou aquele anzol, depois de esperar minutos e minutos. Muito divertido. Além de ser divertido, é muito mais humano do que confiná-los numa vida miserável e depois matá-los. Matemos enquanto eles dão um passeio por aí, mais humano impossível.

8. O viciado

Para ele, carne e laticínios deveriam ser categorizados como narcóticos. Causam dependência. Se ficar sem, passa mal. Se a cidade onde ele passou as férias é vegetariana (e não me falou onde viajou, para não o abandonar de vez), ele viaja para ir numa churrascaria. Esse aí tenta, tenta. Até quer ser vegetariano, mas coitado, não consegue. Até que criem centros de reabilitação (ou habilitação) para creófilos, ele estará tragicamente servindo de cemitério.

9. O ex-vegetariano

Esse já foi vegetariano, de verdade, em uma etapa homérica da sua vida. Deixou o vegetarianismo depois de começar esquecer das coisas, de ficar anêmico, agressivo e apresentar outros sintomas de deficiência de vitamina B-12. Por sinal, o que é a vitamina B-12? Além disso, acabou enjoando daquela meia dúzia de receitas com soja. Soja assada, soja frita, soja cozida… soja aquilo, soja.

10. O naturista

O ser humano é naturalmente adaptado para comer carne. Basta ver nossos caninos… enormes, para delicerar carne. Claro, nós também podemos fumar, nossas bocas são adaptadas para o fumo. Okay, o fumo deixa broxa e dá câncer, mas a carne também… hum, hum. Os animais também comem uns aos outros, nós podemos os comer. Eles também estrupam, cometem infanticídio… mas bem, isso não vem ao caso. Onde é que estávamos mesmo?

11. O religioso

No começo, Deus criou o homem e a mulher, além de todos os animais que rastejam no chão, voam pelos céus e nadam nos mares. O homem e a mulher possuíam alma e o domínio sobre os animais. Por isso que o homem e a mulher podem fazer todo tipo de coisa típica do Satanás com os animais. Afinal, os animais não possuem alma nem salvação para poderem ir ao inferno. Que o inferno deles seja na Terra mesmo.

12. O cientista

Coelhos são fofos, mas são mais fofos ainda com substâncias químicas concentradas pingando em seus olhos. Não que sejam imprescindíveis, sempre há um modelo computadorizado ou novos testes mais eficazes e baratos. Mas mexer naqueles bichinhos é tão legal. Divertido e que dá satisfação é fazer os testes medicinais neles. É um absurdo questionar os testes nesses animais, tão diferentes de nós, pois eles são tão parecidos conosco. Sem eles, como poderemos criar aquela pílula cheia de contraindicações e efeitos colaterais, que precisarão de mais pílulas para amenizar? E como faremos para conseguir aquele financiamento do CNPq?

13. O ambientalista

Usam roupas recicladas, fazem coleta seletiva, protestam contra energia nuclear e os desmatamento da amazônia. Depois de qualquer grande evento como esses, vai à churrascaria comemorar com a fumaça do desmatamento e a terra cansada do cerrado entre os seus dentes.
Treze exemplos que provavelmente todo vegano já chegou a conhecer, treze exemplos onde o especismo se mostra nas suas formas mais irracionais, comuns e incoerentes. A maioria dos especistas são uma combinação desses. Ambientalistas naturistas, cientistas religiosos, pescadores bem-estaristas, protetor de animais viciado… uma gama vasta dessa patologia moral que inferniza a vida dos animais desde antes de Aristóteles.






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