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maio 26, 2010

Por que razão dão tão importância aos animais que comemos?


ANIMAL não dá importância “aos animais que comemos”; pelo contrário, a ANIMAL mostra a importância destes animais, mostra quais as características que têm, e, ao fazê-lo, demonstra exactamente porque é que devemos deixar de olhar para estes animais como objectos e fontes dePorca com os seus leitões felizes e em liberdade. Foto: (c) CIWF alimento, uma vez que são tão complexos e especiais como são os cães, os gatos e outros animais que com justiça estimamos.









Mas isso significa que a ANIMAL defende que os animais de criação são mais importantes do que os animais de companhia?
Não, a ANIMAL defende que todos os animais que são sencientes – ou seja, que têm a capacidade consciente de sofrer e de ter desejos e intenções, entre as quais a de continuarem vivos e a de estarem livres da tortura – são igualmente importantes, sejam gorilas, cães, vacas, ratos, peixes ou gatos. A campanha “Animais Excepcionais” pretende levar ao reconhecimento do estatuto de importância moral dos animais de quinta, de modo a que fique claro que este estatuto é exactamente o mesmo que o de animais exóticos que tanta admiração nos despertam ou que o de animais de companhia que tanto carinho nos dedicam e despertam.





Qual a razão para esta campanha ser tão importante para a ANIMAL?
Em termos numéricos, os animais de quinta são os animais mais afectados no mundo pela actividade humana. Todos os anos, mais de 50 mil milhões de animais de quinta são explorados e mortos para serem transformados em comida para alimentar humanos (embora isso seja completamente desnecessário, dado que os humanos têm todas as vantagens do lado de uma dieta vegetariana). Em todos os processos pecuários, desde a reprodução, à criação e engorda, ao maneio e transporte, culminando na morte, estes animais são vítimas de vários actos constantes e sistematizados de violência física e emocional que fazem parte desta actividade e que estão estabelecidos por lei. A ANIMAL considera que expor, combater e tentar o mais possíver prevenir todo este sofrimento e todas as vidas que se perdem é uma das missões mais importantes que uma organização de defesa dos animais deve ter. Sem prejuízo do seu trabalho em todas as outras áreas na protecção dos animais, esta campanha passa a ter uma importância central na actividade da ANIMAL.





Olhar de ovelha curiosa. Foto: (c) CIWFMas temos que explorar e matar estes animais para comermos, quer porque precisamos, quer porque somos seres superiores na escala da evolução.
Em primeiro lugar, não temos que explorar e matar estes animais para comermos, desde logo porque podemos ser vegetarianos. Sendo vegetarianos, impedimos, automaticamente, que qualquer animal sofra ou morra para ser transformado numa refeição nossa; mas, ao mesmo tempo, adoptamos uma dieta mais saudável e equilibrada que beneficia grandemente a nossa própria saúde e bem-estar. Além disso, se quisermos acreditar que somos superiores em alguma coisa, então pelo menos que essa superioridade se exprima em preocupações éticas como esta, que nos deve levar a ser vegetarianos. Porém, deve ser dito que a ideia de superioridade na escala da evolução foi posta em causa há mais de um século pelas descobertas de Charles Darwin, precursor da biologia moderna. Com Darwin e com os biólogos que desde então têm desenvolvido o conhecimento da biologia animal e humana, percebemos que cada espécie animal – incluindo a humana (sim, nós também somos animais, é importante lembrar) – evoluiu de acordo com as suas necessidades específicas para sobreviver e se adaptar ao seu meio. Isso significa que a espécie humana precisou de seguir uma linha evolutiva completamente diferente dos porcos ou das galinhas, por exemplo – e não significa mais do que isso. Os porcos e as galinhas tornaram-se os melhores porcos e as melhores galinhas que precisavam de ser para sobreviver; e o mesmo aconteceu com os humanos. De resto, se a ideia que temos da nossa superioridade se baseia na crença de que temos a exclusividade da racionalidade ou de uma racionalidade ou consciência complexas, essa crença está errada – cada vez se sabe mais acerca da inteligência complexa e sofisticada de animais como os porcos e as galinhas (entre muitos outros) e de como as vidas mentais e emocionais destes animais são essencialmente como as vidas mentais e emocionais dos humanos – embora correspondendo, mais uma vez, às características que os porcos e as galinhas precisam de ter e não às características que os humanos precisam de ter. A comparação habitualmente feita é, pois, um erro.





Sim, devemos preocupar-nos com o modo como estes animais são tratados e devemos fazer tudo para proteger o bem-estar deles enquanto são explorados, mas, mesmo assim, é aceitável explorá-los e matá-los – é a lei da vida.
Para que isto seja verdade, é preciso explicar por que razão é aceitável explorar e matar estes animais – ou quaisquer outros. As razões fortes para não o fazermos pesam muito mais do que qualquer uma que se tente usar para fundamentar esta suposta aceitabilidade. Além disso, é importante destacar que, mesmo para quem acredita que os animais não têm direitos e que apenas devem ser protegidos do sofrimento “desnecessário”, a opção de continuar a comer animais e produtos animais não pode ser considerada. As provas de crueldade rotineira contra animais, incluindo em unidades de produção pecuária extensiva ou biológica, são mais do que muitas. O cumprimento da legislação de bem-estar é altamente irregular, assim como a fiscalização destas normas. Além disso, em muitos casos, as práticas pecuárias cruéis são estabelecidas pela legislação como aceites e rotineiras. É impossível defender, mesmo que seja só, o bem-estar animal e continuar, ao mesmo tempo, a comer animais que foram tratados sistematicamente de modo cruel.



Em Defesa dos Direitos de Todos os Animais

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