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maio 26, 2010

Vacas felizes: Como são e do que precisam

Vaca feliz. Foto: (c) CIWF
 As vacas são animais muito dóceis, gentis, curiosos e extraordinariamente inteligentes. Com capacidade para anteciparem o futuro e terem preocupações com o que vai acontecer, não espanta que sejam muito comuns as histórias de vacas que fogem de matadouros. As vacas são animais muito sociáveis, que preferem passar o seu tempo juntos formando laços afectivos complexos, muito semelhantes aos que os cães formam em matilha. Num ambiente natural, vivem em grupos com uma hierarquia de dominância que assenta numa inteligente escolha de líderes. Os bezerros por vezes formam grupos pequenos. Os bois, já adultos, são animais essencialmente solitários, excepto em épocas de acasalamento. Seria raro ver animais desconhecidos do grupo juntarem-se a um grupo de vacas já formado. As vacas são tão diferentes umas das outras, como o são os cães, os gatos e os humanos. Umas são mais tímidas, outras são mais espertas, umas mais dominantes e outras mais aventureiras. Para além de terem personalidades distintas, as vacas são também animais muito inteligentes e com boa memória. São capazes de reconhecer entre 50 e 70 indivíduos, incluindo humanos. À semelhança dos porcos (e dos primatas, incluindo os humanos), tratam da higiene umas das outras e têm até uma postura especial para pedir aos seus que cuidem da
Vaca feliz em prado. Foto: (c) CIWFsua higiene. A comunicação visual e verbal entre as vacas e outros bovinos é muito importante.



Uma vaca grávida afasta-se do grupo antes de ter a sua cria e, quando tem o seu bebé, o laço que se form\a entre a mãe e a sua vitela é rapidamente estabelecido, sendo tão forte e importante para a mãe quanto para a bebé, que depende dela e que será amamentada pela mãe durante pelo menos 8 meses. Com a vaca mãe e com outros membros do grupo, incluindo com outros bezerros, a vitela aprenderá capacidades essenciais. A relação das mães com os seus vitelos é tão forte, que este laço emocional se mantém, mesmo quando um novo novilho nasce.


Vacas infelizes: Como a indústria agro-pecuária intensiva as trata...
... quando são criadas para produção de leite
As vacas criadas para produção de leite – conhecidas por “vacas leiteiras” – são engravidadas repetidamente, através de inseminação artificial, sendo habitualmente forçadas a ter uma cria uma vez por ano para terem leite nos dez meses seguintes. A criação de vacas leiteiras e toda a produção de leite dependem da separação da mãe e da sua cria. Os seus bebés são-lhes retirados para que os humanos bebam o leite que lhes era destinado, quando, importa lembrar, as vacas produzem leite pela mesma razão que as mulheres humanas o fazem: para alimentar os seus filhos, apenas.


As vitelas são retiradas às mães com apenas um dia de vida – os bebés machos são presos em celas, para serem transformados em carne de vitela, quando não são mortos imediatamente, e as fêmeas terão o mesmo destino que as mães, ou seja, serão criadas para se tornarem vacas leiteiras, ou para seremVacas leiteiras ligadas a mecanismo de sucção mecanizada de leite. Foto: (c) Colin Seddontransformadas em carne de vitela ou de vaca. As vacas podem chamar durante dias pelas suas crias recém-nascidas que lhes são retiradas. As vitelas também chamam continuamente pelas mães. Depois dos bebés lhes serem retirados, as vacas são “ordenhadas” por máquinas várias vezes ao dia, retirando-lhes o leite que devia ter sido o alimento dos seus filhos. Através da manipulação genética, de hormonas poderosas e de “ordenhas intensivas”, as vacas são forçadas a produzir dez vezes mais leite do que seria natural. Muitas destas vacas sofrem de mastites (infecções nas tetas) duradouras e de fraqueza crónica, sendo que muito do leite que lhes é retirado vem com pus e sangue. A sua vida é sempre esta, até que já não sejam capazes de produzir mais e nesse momento sejam enviadas para abate. As vitelas são muitas vezes sujeitas à amputação das caudas e dos chifres, e ao corte dos testículos, quando se trata de vitelos; são queimadas com ferros quentes para as marcarem, o que lhes provoca queimaduras de terceiro grau; as suas orelhas são furadas para ficarem com brincos de identificação e, aos machos, os cornos são-lhes serrados a sangue frio. Em todos estes procedimentos extremamente dolorosos (que não são feitos por veterinários), não são administrados quaisquer anestésicos ou analgésicos aos animais para os aliviar das dores extremas que lhes causam.


A esperança média de vida de uma vaca é de cerca de 25 anos, mas as vacas “leiteiras” são mortas quando têm apenas 4 ou 5 anos de vida. Depois de uma curta mas dolorosa vida sendo tratadas como máquinas de produção de leite, as vacas leiteiras são depois transformadas em caldos para sopas, ração para animais de companhia ou hamburguers de má qualidade.

... quando são criadas para serem transformadas em carne de vitela
Assim que são retirados às mães, os vitelos são colocados numa espécie de jaula minúscula, no escuro, onde ficam completamente imobilizados, para que a sua carne fique bastante tenra. É-lhes dada umaVitela em jaula de criação intensiva de vitelas para carne. Foto: (c) WSPA dieta líquida, pobre em ferro, de modo a que a sua carne fique branca, o que lhes provoca anemia, diarreia e pneumonia. São bebés entediados por não se poderem mexer, assustados e sozinhos, que choram pelas suas mães, mantidos propositadamente doentes e fracos durante o pouco tempo que têm de vida. São mortos com apenas alguns meses.

... quando são criadas para serem transformadas em carne
As vacas criadas para produção de carne passam o primeiro ano das suas vidas a pastar, embora com muitos limites de espaço e dependendo das condições da unidade de engorda onde são mantidas. Além das ovelhas, estes são os únicos animais usados com fins alimentares que alguma vez têm contacto mínimo com o que lhes é natural e tão essencial: ar fresco, sol e liberdade. Contudo, estes animais são sujeitos a abusos físicos rotineiros, que, se fossem cometidos contra cães e gatos, chocariam sem dúvida quem come a sua carne. A maioria destes animais recebe cuidados veterinários inadequados, e, como consequência disso, muitas morrem de infecções e doenças. A alimentação que lhes é dada não é a mais adequada, o que lhes provoca dores de estômago crónicas. Muitas vezes, os seus intestinos ulceram e rebentam. Outras vezes sofrem de inflamações hepáticas fatais. Mas, para a indústria agro-pecuária que as explora, o que importa é que cresçam e engordem, para ficarem com muita carne que se possa vender. O ar nas áreas onde se alimentam está saturado de amónia, metano e outros químicos nocivos, devido à acumulação de urina e fezes. Estes gases provocam graves problemas respiratórios crónicos às vacas, de tal forma que o simples respirar se torna doloroso. As vacas criadas para carne são também “entupidas” com químicos que as fazem crescer mais depressa e sobreviver nas condições miseráveis em que vivem. Em vez de, quando estão doentes, serem vistas por um médico-veterinário, é-lhes simplesmente dada uma quantidade ainda maior de medicamentos, só para que se mantenham vivas até chegarem ao matadouro, onde serão içadas por correntes pelas patas traseiras e mortas com uma faca que lhes rasgará a jugular e provocará um sangramento prolongado e fatal. Devido ao atordoamento tantas vezes ineficaz, muitas vacas estão ainda conscientes e lambem o seu próprio sangue enquanto agonizam de dores e esperam pela morte.

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