RIO - Apesar de mais de 40% da população brasileira estarem acima do peso, é na infância e na adolescência que o problema no Brasil alcança os números alarmantes, segundo novos dados. Enquanto nos Estados Unidos o percentual nessa faixa cresceu 66% em 20 anos, no Brasil ele teve aumento de 239%, segundo dados dos Vigilantes do Peso e do IBGE revela reportagem Antônio Marinho e Renato Grandelle.
Hoje, 15% dos brasileiros entre 6 anos e 18 anos já estão com sobrepeso; 5% são obesos e estes índices continuam aumentando, principalmente nas camadas mais pobres. Segundo médicos, a situação no país é crítica. Tanto que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Rio (SBEM-RJ) está relançando o Projeto Escola Saudável. Um de seus objetivos, com apoio de alunos, pais e professores, é reduzir o índice obesidade infanto-juvenil por meio de reeducação alimentar e estímulo à prática de atividade física.
Os números são alarmantes e a SBEM-RJ diz que não há tempo a perder. Uma pesquisa com 1.857 alunos da primeira à quarta série do ensino fundamental de seis colégios públicos e 86 estudantes de uma escola particular, todos em Petrópolis, revelou que 22% no primeiro grupo estavam acima do peso (12,5% com sobrepeso e 9,7% obesos). Quando os médicos mediram o colesterol, 12,2% apresentaram taxas muito acima do limite para a faixa etária. Na particular, 32% das crianças estavam acima do peso e, deste total, 14% eram obesos.
Médicos encontraram resultados semelhantes no Colégio Estadual Júlia Kubitschek, no Rio. O estudo com 150 crianças da primeira à quarta série mostrou que 36% tinham excesso de peso; sendo 20% obesas e 12% com colesterol alto, diz Vivian Ellinger, presidente da SBEM-RJ.
Problema até para os bebês
Na opinião de Vivian, a mudança de hábitos e o estímulo à prática de exercícios já nos primeiros anos é a saída para evitar que esses índices continuem crescendo, e, com eles, o número de problemas de saúde.
Um estudo com mais de cem crianças e adolescentes obesos, publicado na revista "Clinical Pediatrics", diz que a tendência à obesidade costuma ser definida até os 2 anos. Entre os bebês, um quarto estava acima do peso aos cinco meses de vida. Dieta inadequada, introdução de alimentos muito cedo e sedentarismo são os principais motivos. Antes dos 5 anos, 90% já demonstravam sinais de obesidade.
- A situação é preocupante. Crianças e adolescentes se alimentam mal hoje, pulam refeições e passam horas no computador ou em frente à TV em vez de se exercitarem - explica Vivian.
O Globo
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