Pesquisar neste blogue

março 11, 2010

Questão de pele e de evolução


Os livros de História da moda dizem que o homem se cobriu por um (ou dois, ou todos) desses três motivos:
- para se proteger da natureza (frios, tempestades, ventanias)
- por pudor (Alô, Adão e Eva!)
- para se enfeitar
Por que eu contei isso? Bom, porque eu queria falar sobre os casacos, saias, acessórios de pele que pipocaram pelas últimas semanas de moda internacionais.
Inverno 2010 de: (1) Louise Gray; (2) Isaac Mizrahi; (3) J. Mendel; (4)Erin Wasson x RVCA; (5) Cynthia Steffe; (6) Alexandre Herchcovitch; (7) Ralph Lauren; (8) Jason Wu
Inverno 2010 de: (1) Louise Gray; (2) Isaac Mizrahi; (3) J. Mendel; (4)Erin Wasson x RVCA; (5) Cynthia Steffe; (6) Alexandre Herchcovitch; (7) Ralph Lauren; (8) Jason Wu
Falar sobre casacos de pele é sempre um problema. A discussão acaba  girando em torno dos pobres bichinhos sendo sacrificados e a gente nem para pra pensar se existe realmente um sentido em usar a “superfície” de alguém para se cobrir e/ou enfeitar.
A verdade é que o uso da pele como vestimenta aconteceu lá na Pré-História. Diz que na sequência evolutiva da moda, primeiro o pessoal usou folhas e, depois, a pele dos animais. O couro veio mais tarde ainda!! As primeiras vítimas “fashion” foram os ursos e as renas. Acreditem ou não, a pele era mastigada para ficar macia e ser usada mais dignamente como casaco.  Quando os “fashionistas/homem das cavernas” ficaram mais espertinhos, os oléos e as gorduras de animal substituíram os dentes e a saliva (ecaa) na hora do amaciamento… O óleo também servia para deixar o mimo impermeável. Como não tinha costura, para “juntar” uma pele com outra, eram usadas as garras dos animais, fios de crina de cavalo e (pasmem) tendões.
Porque eu estou falando disso? Porque naquela época, PELE (e folhas) era tudo que eles tinham. E reparem na nojeira que era para fazer daquilo uma roupa… Por isso eu pergunto: se hoje, quando sentimos frio, temos lã, cashmere, veludo, flanela (e até calefação, um exemplo para os mais extremistas) e se, quando queremos imitar a “estética” de uma pele de animal para compor looks, já existe tecido sintético tão bonito quanto o “orgânico” (fora que guardar pele de animal no armário dá um cheiro horrível), qual o sentido em matar um animal com o único objetivo de lhe arrancar a pele? (Obs: ou alguém já degustou um mink à marinara, ou uma chinchila refogada?).
No final das contas, a verdade é que o homem das cavernas precisava da pele para se cobrir já que não tinha escolhas. O que não é o nosso caso, pois, no século XXI, a condição quase sine qua non da moda é o próprio leque de opções a que somos submetidos. A escolha é nossa: quem queremos ser na escala evolutiva?
Autor: Helô Gomes
Fonte: História da Moda (editado)
via ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais.

Sem comentários: