Nas ruas do Recife, cães e gatos sofrem com o abandono, mas também contam com uma rede de pessoas empenhadas em salvá-los
Phelipe Rodrigues
No sábado à noite, a estudante de medicina veterinária Juliana Araújo não pode sair com os amigos. O cãozinho que levou para casa com várias queimaduras na cabeça precisa de cuidados. "O antigo dono jogou água fervente", conta, sem acreditar na crueldade. Ela e os outros entrevistados da reportagem de capa desta Revista têm muitas histórias de abandono e maus-tratos com animais de estimação.
"Para mim, virou cena comum bichos arremessados de dentro dos carros aqui no portão porque seu dono enjoou dele", protesta Amaro Souza, gerente do Centro de Vigilância Animal (CVA) do Recife. Mas a finalidade deste domingo é, de verdade, falar sobre os empenhados em salvar os mascotes sem lar.
Há relatos impressionantes como o da dona de casa Antônia Carneiro, na página 6, que vive para os gatos. Um dos grandes medos dela é saber que um dos seus bichos pode chegar ao CVA, mais conhecido como carrocinha. No Recife, a instituição no bairro de Peixinhos foi completamente reformulada. Recebeu clínica, salas de cirurgia bem aparelhadas, equipe de cuidadores menos truculentos.
Mas ainda levanta a fúria de todas as sociedades protetoras de animais. "Porque a eutanásia (morte com uso de anestésico e injeção) ainda é a prática usada nesses centros. O ideal seria a castração em massa", explica o veterinário Marcel Gati. A proposta deve virar realidade em breve. Segundo Marcel, já passou por votação no Senado e aguarda uma sanção presidencial.
Enquanto não acontece, Juliana e o amigo André Mota tentam sensibilizar os amigos para a causa. "Nós divulgamos a adoção responsável e a necessidade de esterilização", observa André. Muitas vezes, os dois ficam sem dinheiro para a balada ou deixam de comprar roupas para aplicar o dinheiro nos cachorros e gatos que estão cuidando. "Seria muito bom que alguns donos não tratassem seus pets como brinquedos, que são jogados fora quando surge um problema", enfatiza Juliana.
O abandono em números do CVA
Todos os meses, o Centro de Vigilância Ambiental do Recife (CVA), no bairro de Peixinhos recebe, em média, 400 animais abandonados. Ano passado, a conta chegou a 4.714 cães e gatos. Somando os bichinhos sem lar nos municípios de Olinda, Paulista e Camaragibe, os centros contabilizam mais de 8 mil. "Nesse cálculo não entram Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho", observa o gerente do Programa de Saúde Ambiental do Recife, Otoniel Barros. Os números do descuido não são absolutos, porque trata-se de uma contabilidade apenas dos CVAs.
Antes de adotar, faça as contas
Um animal de estimação exige carinho, atenção, comida e consultas com o veterinário. Uma conta básica por mês: ração para um cão de 20 kg (porte médio, como um vira-lata) custa por volta de R$ 80. O banho semanal em clínicas sai por R$ 12 a R$ 20. Nos primeiros três meses de vida, você gasta cerca de R$ 200 em vacinas. Para vermifugar o bichinho, a cada três meses, mais R$ 30. As consultas no veterinário ficam entre R$30 e R$ 50. Outra possibilidade é entrar em contato com os agentes de saúde do seu bairro para se cadastrar no Distrito Sanitário do bairro. A partir desse registro, o animal pode ser à clínica do CVA sem custo.
Fonte
Juliana Araújo e André Mota abdicam da balada e até deixam de comprar roupas para cuidar dos bichos que estão precisando de cuidados. "O nível de crueldade chega a impressionar", reclama Juliana. Foto: Fellipe Castro/Esp. Aqui PE/D.A Press |
Há relatos impressionantes como o da dona de casa Antônia Carneiro, na página 6, que vive para os gatos. Um dos grandes medos dela é saber que um dos seus bichos pode chegar ao CVA, mais conhecido como carrocinha. No Recife, a instituição no bairro de Peixinhos foi completamente reformulada. Recebeu clínica, salas de cirurgia bem aparelhadas, equipe de cuidadores menos truculentos.
Mas ainda levanta a fúria de todas as sociedades protetoras de animais. "Porque a eutanásia (morte com uso de anestésico e injeção) ainda é a prática usada nesses centros. O ideal seria a castração em massa", explica o veterinário Marcel Gati. A proposta deve virar realidade em breve. Segundo Marcel, já passou por votação no Senado e aguarda uma sanção presidencial.
Enquanto não acontece, Juliana e o amigo André Mota tentam sensibilizar os amigos para a causa. "Nós divulgamos a adoção responsável e a necessidade de esterilização", observa André. Muitas vezes, os dois ficam sem dinheiro para a balada ou deixam de comprar roupas para aplicar o dinheiro nos cachorros e gatos que estão cuidando. "Seria muito bom que alguns donos não tratassem seus pets como brinquedos, que são jogados fora quando surge um problema", enfatiza Juliana.
O abandono em números do CVA
Todos os meses, o Centro de Vigilância Ambiental do Recife (CVA), no bairro de Peixinhos recebe, em média, 400 animais abandonados. Ano passado, a conta chegou a 4.714 cães e gatos. Somando os bichinhos sem lar nos municípios de Olinda, Paulista e Camaragibe, os centros contabilizam mais de 8 mil. "Nesse cálculo não entram Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho", observa o gerente do Programa de Saúde Ambiental do Recife, Otoniel Barros. Os números do descuido não são absolutos, porque trata-se de uma contabilidade apenas dos CVAs.
Antes de adotar, faça as contas
Um animal de estimação exige carinho, atenção, comida e consultas com o veterinário. Uma conta básica por mês: ração para um cão de 20 kg (porte médio, como um vira-lata) custa por volta de R$ 80. O banho semanal em clínicas sai por R$ 12 a R$ 20. Nos primeiros três meses de vida, você gasta cerca de R$ 200 em vacinas. Para vermifugar o bichinho, a cada três meses, mais R$ 30. As consultas no veterinário ficam entre R$30 e R$ 50. Outra possibilidade é entrar em contato com os agentes de saúde do seu bairro para se cadastrar no Distrito Sanitário do bairro. A partir desse registro, o animal pode ser à clínica do CVA sem custo.
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