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junho 15, 2010

Perguntas e Respostas sobre Vegetarianismo


Até que ponto é possível viver com saúde sem alimentos de origem animal?
É perfeitamente possível viver com saúde seguindo uma dieta vegetariana. As dietas vegetarianas, como todas as dietas, precisam ser apropriadamente planejadas para serem adequadas em termos nutricionais.

Como posso saber se uma pessoa pode ser chamada de vegetariano?
Vegetariano é a pessoa que não utiliza nenhum alimento que implique na morte de um animal. Se uma pessoa exclui todos os tipos de carne (boi, frango, porco, peixe...) da alimentação, ela pode ser chamada de vegetariana.

Existem diferentes tipos de dietas vegetarianas?
Sim, existem. Os ovo-lacto-vegetarianos utilizam ovos, leite e laticínios, além de todos os alimentos do reino vegetal. Os lacto-vegetarianos utilizam os mesmos alimentos descritos para os ovo-lactovegetarianos, com exceção dos ovos. Os vegetarianos estritos ou veganos, além da carne, excluem todos os produtos de origem animal, como ovos, queijos, leite e mel.

A dieta vegetariana é saudável?
Sim, quando bem planejada, como deve ser qualquer dieta, a dieta vegetariana traz diversos benefícios à saúde.



Quais são os benefícios que podem ser alcançados ao se seguir uma dieta vegetariana?
A revisão realizada pela Associação Dietética Americana (American Dietetic Association) e Nutricionistas do Canadá, publicada em 2003, resume os principais benefícios para a saúde ao se seguir uma dieta vegetariana. Esse parecer demonstra que os vegetarianos apresentam:
 redução da mortalidade cardiovascular (31% em homens vegetarianos e 20% em mulheres vegetarianas entre 76.000 indivíduos avaliados em 5 estudos);
 redução da mortalidade cardiovascular também em relação a semi-vegetarianos (definidos como consumidores de peixe ou carne uma vez por semana);
 redução dos níveis de colesterol (14% mais baixos em ovo-lacto-vegetarianos e 35% em veganos do que em comedores de carne);
 redução dos níveis de pressão arterial (5 a 10 mm Hg);
 redução em até 50% do risco de diverticulite;
 redução em torno de 50% do risco de diabetes mellitus;
 redução do risco de litíase biliar (pedras na vesícula), verificada em estudo com 800 mulheres entre 40 e 69 anos de idade;
 redução de risco de alguns tipos de câncer (os não vegetarianos têm risco 54% maior de câncer de próstata e 88% maior de câncer de intestino grosso);
 redução do risco de obesidade, que não é comum entre vegetarianos.

Algumas outras vantagens da dieta vegetariana, segundo a mesma entidade (ADA):
 Osteoporose: mulheres após a menopausa com dieta rica em proteína animal e pobre em proteína vegetal têm taxa mais alta de perda óssea e risco muito maior de ter fratura de quadril. Mas, apesar destes dados, ainda não podemos afirmar que a dieta vegetariana “protege contra a osteoporose”.
 Doença renal em fase inicial: os vegetarianos ingerem proteínas em quantidade suficiente, mas a ingestão é menor do que a das pessoas que comem carne. Na doença renal em fase inicial, é prudente usar uma quantidade de proteínas satisfatória, mas sem exagero, pois o excesso de proteína sobrecarrega os rins. Na doença renal, alteração das gorduras do sangue (dislipidemias) são comuns as quais, por sua vez, estão associadas a problemas cardiovasculares – causa de cerca de 50% das mortes. A dieta vegetariana é ótima para dislipidemias e proteção cardiovascular.
 Algumas pesquisas sugerem que o consumo de carne aumenta em até três vezes as chances de desenvolver demência cerebral. Entretanto, essa é uma área do conhecimento que ainda requer mais estudos para ser totalmente elucidada.
 Os estudos mais recentes começam a indicar que uma dieta vegetariana sem derivados animais e com predominância de alimentos crus pode reduzir os sintomas de fibromialgia.

Quais os riscos para os vegetarianos?
O principal risco para os vegetarianos é a deficiência de vitamina B12, que pode causar um tipo de anemia (anemia megaloblástica). Esta vitamina é encontrada apenas nos alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite e queijos). Os vegetarianos que utilizam ovos, leite e queijos podem obter essa vitamina através desses alimentos. No caso dos vegetarianos que não utilizam esses derivados animais a forma mais segura de obtenção da vitamina B12 é através de suplementação. A deficiência de vitamina B12, se prolongada, pode causar danos ao sistema nervoso.
A deficiência dessa vitamina não é limitada aos vegetarianos. O Instituto de Medicina dos EUA recomenda que todas as pessoas acima de 50 anos, vegetarianas ou não, façam suplementação de B12, pois cerca de 20 a 30% delas apresentam níveis de deficiência ou insuficiência desta vitamina.

Há problema de carência de ferro na dieta vegetariana?
A deficiência de ferro ocorre em 1/3 da população mundial. Os vegetarianos apresentam a mesma prevalência de deficiência de ferro do que os onívoros, ou seja, os vegetarianos não apresentam risco maior de anemia por falta de ferro do que as pessoas que comem carne. Ao contrário do que se pensa, a dieta vegetariana não é pobre em ferro. Os estudos em geral demonstram que os vegetarianos ingerem mais ferro do que as pessoas que comem carne. A diferença é que esse ferro sofre mais interferência na absorção do que o ferro de origem animal. Por outro lado, os vegetarianos ingerem mais vitamina C e ácidos orgânicos, que favorecem a absorção do ferro.

Por que muitos médicos criticam ferrenhamente os adeptos de dietas radicais?
Aqui precisamos entender o que é uma dieta “radical”. Quando fazemos algo que foge do padrão social, as pessoas tendem a dizer que isso é radical. A crítica de muitos médicos se faz por desconhecimento do que é uma dieta vegetariana e por não estudarem a sua forma de adequação nutricional e os seus possíveis benefícios à saúde.

Como substituir a proteína animal de maneira a ter todos os nutrientes necessários ao organismo?
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) afirma que os feijões são similares às carnes em termos de proteína, ferro e zinco. Informe-se sobre este assunto em http://www.mypyramid.gov/pyramid/meat.html# clicando em For more information on dry beans and peas click here.
Portanto, basta utilizar feijões e, se quiser, os demais alimentos protéicos, como as oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas e avelãs) no lugar das carnes. Muitos vegetarianos também utilizam queijos e ovos, que são boas fontes protéicas. Atenção: a soja, apesar de ser uma boa fonte de proteínas, não é incondicionalmente necessária nas dietas vegetarianas.

Há pesquisas ressaltando a dieta vegetariana? Como estão sendo conduzidas?
Sim, há inúmeras pesquisas de grande porte sendo realizadas sobre a dieta vegetariana. Muitas delas são estudos populacionais e mostram resultados muito interessantes em relação às doenças que são menos incidentes entre os vegetarianos.

Há entidades científicas que apóiam o vegetarianismo?
Sim, diversas. Podemos citar a Associação Dietética Americana (American Dietetic Association) e Nutricionistas do Canadá, assim como a American Heart Association (AHA), Food and Drug Administration (FDA), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Kids Health (Nemours Foundation) e College of Family and Consumer Sciences (University of Georgia).

Há entidades científicas que estimulam a adoção da dieta vegetariana?
Sim. A Associação Dietética Americana (American Dietetic Association) e Nutricionistas do Canadá orientam que: ”Os profissionais da nutrição têm a responsabilidade de apoiar e encorajar os que demonstram interesse pelo consumo de uma dieta vegetariana”.

No Brasil, como posso obter mais informações sobre o vegetarianismo?
Você pode acessar informações com embasamento científico em:
alimentacaosemcarne.com.br.
A Sociedade Vegetariana Brasileira é a maior entidade brasileira que se preocupa em difundir o vegetarianismo com propriedade e seriedade. Acesse.

Médico Nutrólogo
Coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira
Título de Especialista em Nutrologia pela ABRAN/CFM/AMB
Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE)
Pós-graduado em Nutrição Clínica (GANEP)
Coordenador da EMTN (Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional) do Hospital Evaldo Foz.
Docente dos cursos de Pós-graduação: GANEP (Grupo de Apoio de Nutrição Enteral e Parenteral) e IPCE (Instituto de Pesquisa, Capacitação e Especialização)

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