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junho 24, 2010

Família relata dificuldades e benefícios de ficar sem carne

Carnívora. Sheilla encerrou ontem sua participação na campanha
 e diz que não consegue ficar sem comer carne

 Mãe diz que não teve problemas para se adaptar, mas a filha "saiu da linha" uma vez DA REDAÇÃO Passar um mês sem comer carne às segundas-feiras pode não ser tão fácil quanto parece. Pelo menos essa foi a conclusão da advogada Sheilla Márcia Silva, 24, uma das três integrantes da família de Belo Horizonte que aceitou o desafio proposto por O TEMPO no mês passado e aderiu, durante 30 dias, à campanha Segunda-Feira sem Carne.



Para ela, abrir mão desse "prazer" em nome da preservação do meio ambiente foi uma missão quase impossível. E ela reconhece que descumpriu o desafio uma única vez. "Saí para almoçar com meus colegas de trabalho e servi carne normalmente. Só me lembrei que eu não podia ter comido depois", conta ela, que encerrou ontem sua participação na campanha. Já os pais de Sheilla, o funcionário público José Judson da Silva, 57, e a advogada Rosângela Silva, 56, encararam a experiência sem maiores traumas.
Eles dizem que foi fácil passar a segunda-feira sem nenhum tipo de carne, apesar do estranhamento inicial. "O prato fica esquisito. Parece que falta alguma coisa", comenta José Judson, que pretende manter o comportamento daqui para frente. "Na segunda-feira ou talvez em outro dia da semana, vou evitar a carne". Rosângela também garante que aderiu de vez à campanha. "Sou muito persistente em tudo e prometi para mim mesma que eu ia cumprir à risca o desafio. Gostei tanto que vou continuar firme nesse propósito e talvez até estendê-lo para mais um ou dois dias", garante.
Como Rosângela é a única que almoça em casa - Sheilla e José Judson trabalham fora e comem em restaurantes -, foi mais fácil substituir a carne. Ela até adaptou algumas receitas. Na hora de preparar empadas, por exemplo, o frango desfiado deu lugar a legumes. "Coloquei vagem picada, milho-verde, salsinha, cebolinha e ervilha no recheio. Ficou uma delícia". A melhora na digestão das refeições foi outra vantagem apontada por Rosângela, que é diabética. Os benefícios para o metabolismo deixaram a advogada satisfeita. Ela também notou que a prática é boa para quem é hipertenso e precisa evitar o sal. "Geralmente, as carnes são muito temperadas. Isso é um ‘veneno’ para quem tem pressão alta", acrescenta.
 Mobilização. O objetivo da campanha Segunda-Feira sem Carne é diminuir o consumo de carne no mundo e, consequentemente, os danos ambientais. Os adeptos da iniciativa, espalhados pelo mundo inteiro, estão preocupados com os impactos da cadeia de produção na natureza.

Um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que aproximadamente 18% dos gases que ajudam no aquecimento da Terra provêm do desmatamento para a criação de pastagens, do transporte da carne, do processamento industrial do alimento e do sistema digestivo dos bovinos. No Brasil, a mobilização é coordenada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que planeja para o segundo semestre o lançamento da campanha em Belo Horizonte, como já foi feito em São Paulo e Curitiba. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostram que, em 2009, o Brasil foi o quarto maior consumidor de carne de frango e o quinto maior de carne bovina no mundo. Segundo a pesquisa, cada habitante do país consumiu no ano passado, em média, 37 kg de carne de boi, 39 kg de frango e 12 kg de porco.


Mineiro “converteu” os amigos ao movimento
O número de participantes da Segunda-Feira sem Carne começa a crescer em Minas. Na cidade de Itabirito (região Central do Estado), boa parte dos adeptos está engajada na iniciativa por causa do gestor ambiental Jarbas Lima Lemes, 31. No ano passado, ele aproveitou o Dia da Árvore – comemorado em 21 de setembro – para distribuir cartilhas sobre alimentação saudável e divulgar a campanha. “Sou vegetariano há cinco anos e sei bem os benefícios de não comer carne”, defende.

O auxiliar administrativo Fernando Pignataro, 35, é uma das pessoas que foram influenciadas por Jarbas. “Nos outros dias da semana, como carne normalmente. Mas a segunda-feira é ‘sagrada’. Encaro essa atitude como um tipo de penitência e uma forma de proteger o meio ambiente e reduzir a matança de animais”.

Para a técnica em meio ambiente Marcilene Souza, 35, que também mora em Itabirito, a segunda-feira virou um dia propício para a reflexão. “Aproveito que estou sem comer carne e penso nos benefícios dessa atitude, que parece tão insignificante, para a natureza, os animais e para nós mesmos, os humanos”.

Moradora de Conselheiro Lafaiete (região Central), a técnica em segurança do trabalho e meio ambiente Adriana de Oliveira, 32, faz parte do movimento há nove meses. “Eu me adaptei tão bem à proposta que agora a situação se inverteu e é raro o dia da semana em que eu como carne”, ressalta. (Da Redação)

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