Gripe é uma de milhares de doenças que afectam pessoas e animais
HELENA NORTE *
Todos os alimentos de origem animal que chegam à mesa do consumidor são genericamente seguros, e um alerta de retirada do mercado de determinado produto é prova de que os perigos são detectados, defendem os especialistas em saúde pública.
"Os alimentos, em regra, são seguros, muito mais do que há umas décadas", disse ao JN Niza Ribeiro, responsável pela organização do IV Ciclo de Conferências de Saúde Pública Veterinária, que ontem decorreu no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto.
O responsável pelo Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar do ICBAS considera que, graças aos actuais sistema de vigilância e detecção de eventuais epidemias ou contaminações, é possível informar a população e retirar produtos do mercado em tempo útil.
"Não há razões para ter medo relativamente ao consumo dos alimentos", disse, acrescentando que "a prova de que temos sistemas que funcionam é que, de tempos a tempos, são detectados alimentos que não estão em condições, é feito o aviso e eles são retirados do mercado".
Sistemas de vigilância
Na sua opinião, os alertas de perigo que surgem representam "o sistema no seu pulsar normal". "Muitas vezes as pessoas alarmam-se porque o alimento A ou B deve ser retirado, mas isso não deve ser sinal de alarme, mas sinal de que as coisas estão a funcionar regularmente e que os perigos são detectados", sustentou o professor de Saúde Pública e Veterinária do ICBAS.
Niza Ribeiro salientou, ainda, que o sistema que está montado para garantir que os alimentos de origem animal são seguros "é global e integrado", permitindo a empresas e entidades nacionais responsáveis a certificação de animais e seus produtos saibam quais são as suas responsabilidades.
Este ciclo de conferências, além de discutir a rastreabilidade nos sistemas de qualidade e a própria rotulagem dos produtos, abordou também as zoonoses, doenças que afectam os animais e que podem ser transmitidas aos seres humanos.
Zoonose mais frequente
Francisco George, director-geral da Saúde, falou da gripe, a zoonose mais frequente. Descoberto em 1933, o vírus da gripe já foi responsável por várias epidemias, a última das quais no ano passado, quando aves silvestres migratórias, portadoras do vírus H5, infectaram porcos que, posteriormente, o transmitiram às pessoas. Foi erradamente identificada como gripe suína quando, na realidade, se trata de uma combinação de componentes genéticos de três hospedeiros (aves, porcos e humanos). A gripe aviária é a zoonose mais frequente, mas apenas um dos milhares de agentes patológicos de origem animal que afectam os seres humanos.
O convívio de animais e pessoas acarreta sempre o risco de contaminações cruzadas, que podem, porém, ser minimizado por medidas de protecção e higiene, realça Niza Ribeiro, acrescentando ser fundamental assegurar cuidados de saúde veterinária aos animais de estimação.
Face à constante emergência de novas doenças relacionadas com o convício ou consumo de animais - em regra, pouco graves -, o especialista reforça a a importância da população "estar atenta às indicações das autoridades" quando ocorre um problema ou até risco de pandemia.
* COM LUSA
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