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maio 21, 2010

Livro infantil faz apologia ao aprisionamento de pássaros


Luciene Cardoso, colunista da ANDA, denuncia um livro infantil que faz apologia descarada ao aprisionamento de pássaros, dando a entender que pássaros podem ser felizes mesmo presos e um tratamento de bem-estar pode tornar aceitável o confinamento de aves em gaiolas.
Desde que comecei a escrever para esta coluna, muitos livros infantis vêm cair em minhas mãos. Tenho na medida do possível analisado os livros para um possível comentário aqui. Dentre esses livros, me deparei com um que me pareceu especial. O que me chamou a atenção em primeiro lugar foi a autora. Trata-se de uma das maiores escritoras de livros infantis que conheço: Tatiana Belinky. Outra coisa que me fez atentar para ele foi a ilustração da capa: uma menina segurando uma gaiola, com um lindo passarinho amarelo dentro dela. Logo imaginei tratar-se de uma crítica às prisões que são impostas aos pobres pássaros privados de seu maior poder: o de voar.
O livro é Stanislau, publicado pela editora Ática, indicado, segundo a editora, para crianças a partir de quatro anos.
Comecei a ler o livro e meu julgamento inicial foi logo se desfazendo. Percebi como a genialidade de uma autora é capaz de envolver uma criança até para embutir nela conceitos errados.  A história começa apelando para a vontade de toda criança em ter um bichinho de estimação. A pequena Nica faz aniversário e ganha de sua tia Regina um lindo canário em uma gaiola. Nem precisa dizer que foi o presente de que a menina mais gostou. A partir daí Tatiana Belinky vai descrevendo com muita competência a relação de amizade entre os dois.
A menina trata muito bem seu novo amiguinho, limpa sua gaiola, troca a água do bebedouro, lhe dá vitamina e alpiste. Stanislau, que foi o nome escolhido pela menina, agradece todo esse carinho, cantando e se balançando no poleiro. E assim segue o livro contando como os dois são felizes juntos. Até que um dia uma vizinha implicante dá uma dura na menina dizendo que passarinho não é para ficar preso e que ele foi feito para voar livre. Nesse momento imaginei que o rumo da história mudaria e, enfim, o bom senso prevaleceria. Afinal uma autora que eu admiro tanto não poderia me decepcionar. Mas foi exatamente o que aconteceu. A fala da tal vizinha ficou na cabeça de Nica e ela até pensou que a mulher poderia ter razão. Foi então que o inesperado aconteceu.
Arauto da Consciência

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