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agosto 05, 2010

Como somos enganados pela indústria de suplementos

Autor: Marcos Muniz

Testemunhos

Esta é a estratégia mais antiga e mais popular de todas. Foi assim que o livro Body for Life se tornou um fenômeno, juntamente com a empresa EAS e seus produtos, como o Myoplex. Os testemunhos, baseados na velha estória do "isso mudou minha vida" e nas fotos antes e depois estão no centro das estratégias de diversas empresas. No entanto, a maior parte dos resultados relatados nos depoimentos é devida essencialmente a dois fatores: efeito placebo e mudanças comportamentais. Muitas vezes ao ingerir um suplemento, uma pessoa se sente mais motivada e muda seu comportamento, se alimenta melhor, treina melhor e, consequentemente, acaba tendo melhores resultados, mesmo que o suplemento seja inócuo. Por outro lado, há o conhecido efeito psicológico, que produz resultados diferentes do efeito fisiológico esperado. Nesse sentido, há casos clássicos de pessoas que recebiam substâncias sem nenhum princípio ativo, mas acreditavam estar ingerindo determinadas drogas, e tiveram efeitos iguais aos que ocorreriam se estivessem efetivamente sob tratamento.


Também não se pode negar que a maioria dos testemunhos nas propagandas sejam mentiras. Pura e simplesmente mentiras. Muitas vezes uma pessoa é pressionada a revelar resultados expressivos para ganhar prêmios, como no caso do Body for Life, e acabam usando drogas e se submetendo às cirurgias plásticas. Afinal, se tem gente que paga para fazer isso, imagina quantas pessoas não o fariam para ganhar U$100.000!! Além disso, há diversos relatos de pessoas que tiveram resultados expressivos por meio de dietas, atividades físicas e até mesmo cirurgias estéticas e receberam propostas indecorosas para mentirem e afirmarem que os resultados foram devidos a uma determinada substância. Ou seja, lhe foi oferecida uma boa quantidade de dinheiro para responder de forma conveniente à pergunta: "Quer perder peso? Pergunte-me como".

Os desenhos dos estudos científicos servem, dentre outras questões, para controlar tais manipulações, portanto a eficiência de uma substância só poderá ser alegada após diversos estudos serem conduzidos adequadamente e publicados por pesquisadores imparciais e não por meio de depoimentos pessoais.



Conflito de interesse

Grande parte dos estudos é financiada, ou diretamente conduzida, por pessoas envolvidas com as patentes dos produtos ou que tem interesse financeiro no sucesso das pesquisas. Há alguns casos notórios, como o de Robert Stanko dono da patente de piruvato como método para prevenir ganho de gordura; de Steven Nissen, envolvido com a patente do HMB como método de promover a retenção de nitrogênio em humanos; dos estudos patrocinados pela Slim Foods, que fabrica shakes dietéticos; dos esteticistas que publicaram estudos questionáveis sobre o uso de lipostabil; dos pesquisadores que compõem o corpo "científico" de empresas de suplementos; etc. Coincidentemente, os estudos com a participação dos "donos" são os únicos a ter conclusões positivas. Em todos os casos, a manipulação dos estudos é evidente, principalmente porque os resultados não se reproduzem quando os estudos são feitos por pesquisadores sérios e imparciais. E fica a pergunta: mesmo que uma empresa conte com um ganhador do prêmio Nobel em sua equipe, alguém realmente acredita que ele falaria mal de um produto que o deixa milionário?

Exemplo clássico é do Dr. Louis Ignarro (da folha de pagamento da Herbalife) que publicou um artigo científico em 2004 sobre os ingredientes do Niteworks (Napoli et al., 2004) e, "sem querer", "esqueceu" de divulgar que era um membro de uma determinada organização. Ao descobrir a imoralidade, a revista Proceedings of the National Academy of Sciences publicou uma correção em que dizia "os autores deveriam ter notificado que Louis J. Ignarro desenvolve e vende o Niteworks, um suplemento de L-arginina, L-citrullina, vitamina E, e vitamina C. O Dr. Ignarro também é um membro do Comitê Científico da Herbalife, o distribuidor do Niteworks" (Proc Natl Acad Sci U S A. 2004 Dec 28;101(52):18262). Por curiosidade, o cientista recebeu um milhão de dólares pelo seu trabalho entre junho de 2003 e setembro de 2004. Isso sim é conflito de interesse! Será que ele falaria mal de algo tão rentável? Aliás, mesmo com toda boa-vontade dos colaboradores não se conhece nenhum estudo que possa realmente dar validade às promessas dessa empresa. Inclusive, um estudo da Pró-teste, revelou que o shake, que supostamente fornece tudo de bom para uma "nutrição celular" (de onde saiu isso?!?! Afinal que alimentação não é celular?!?!) é desequilibrado nutricionalmente (http://www.proteste.org.br/map/src/414431.htm).

Estudos fictícios

Apesar da publicação de uma pesquisa em um jornal científico não ser garantia de qualidade, um estudo publicado tem maior probabilidade de estar correto, pois passou pelo crivo dos revisores. No entanto, é muito comum que as empresas usem dados de pesquisas desconhecidas que jamais foram, e jamais serão publicadas, pois são de péssima qualidade ou não existem. Portanto, a metodologia destes "estudos" é uma incógnita e nada impede que haja manipulações e mentiras sórdidas para que os interesses econômicos de um grupo prevaleçam. (Como vimos na primeira parte, nem mesmo as pesquisas publicadas não estão isentas de manipulação, imagina as que ninguém vê!?!)

Os vendedores habitualmente colocam em seus sítios informações sobre estudos com resultados surpreendentes. No entanto, é raro que citem as referências bibliográficas. Se tais estudos realmente existem, qual o motivo de não constarem em nenhuma base de dados científica? Ou por que seus idealizadores não os divulgam para que possam ter algum impacto na comunidade científica (pois este é o principal objetivo de se realizar uma pesquisa)?

Um caso notório é a "pesquisa" da Universidade Baylor citada pelos vendedores do óxido nítrico (NO2). O suposto estudo foi realizado com atletas "altamente treinados", de idade entre 30 e 55 anos e teve a duração de 8 semanas, com duas sessões semanais de musculação. De acordo com os resultados relatados pelos vendedores, houve um aumento médio superior a 300% na carga do supino reto nas pessoas que usaram NO2!!

No entanto, este estudo não parece nada mais do que uma mentira descarada. No momento que fiquei sabendo do "estudo", fiz uma pesquisa e descobri que no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de Baylor há uma linha de pesquisa coordenada por William E. O`Brien, o qual tem se interessado pelo estudo da Arginina como molécula precursora do óxido nítrico. Mas pelo que vi, o foco estava na sua atuação na neurotransmissão e pressão arterial. O grupo tinha duas pesquisas de 2004 e nenhuma era a citada pelos vendedores de suplemento. Havia outras linhas de pesquisa com NO2 nesta mesma universidade, mas elas eram direcionadas a neonatos e patologias específicas.

Além disso, é quase impossível visualizar um aumento de 347% no supino em 8 semanas!! Isso quer dizer que uma pessoa que iniciasse o supino com 40 kg, estaria levantando 138,8 kg em apenas dois meses!!!!!! Fica ainda mais difícil acreditar nas informações se levarmos em conta que, segundo as propagandas, os indivíduos eram "altamente treinados". Supondo que a carga máxima inicial fosse 100 kg, após as 8 semanas, os participantes estariam levantando cerca de 447 kg e bateriam facilmente o recorde mundial de supino sem camisa especial (325 kg de Scot Mendelson). Além disso, passariam a disputar o recorde mundial de supino, novamente competindo com Scot Mendelson, que levantou 457 quilos em fevereiro de 2006 (ops, será que a cobaia do experimento não foi o próprio Scot Mendelson!?!?!?!).

Atualmente, os representantes e distribuidores estão tentando mudar o discurso dizendo que não existem provas que os suplementos não funcionem. Transferindo o ônus da prova ao consumidor e especialmente aos céticos. No entanto, este é um argumento totalmente descabido, pois, antes de lançar um produto desses no mercado é obrigação da empresa comprovar sua validade e segurança. Se partíssemos desse princípio, qualquer um poderia vender os mais variados absurdos e caberia à vítima/cliente, comprovar se teve resultado ou não (aliás, é isso que vem acontecendo).

Nessa linha de raciocínio, houve um caso clássico de uma garrafada mágica para emagrecimento. Ela se tornou famosa e muitas pessoas começaram a tomá-la sem ao menos ter idéia do que havia em sua fórmula "secreta", até que começaram a aparecer casos de mal-estar e mortes nas pessoas que a usavam. Ao associar os problemas com a garrafada, procedeu-se à análise do produto e foi verificado que, entre os componentes, havia nada menos que veneno de rato! O que os vendedores iriam dizer? Que não havia nenhuma pesquisa científica afirmando que veneno de rato não emagrecia, portanto eles poderiam incluí-lo livremente nas fórmulas? Da mesma forma, há diversos relatos de pessoas que morreram por serem vítimas de ambição e desinformação e acabaram tomando estimulantes inseridos em fórmulas de suplementos de marcas famosas (Haller & Benowitz, 2000). Portanto, é obrigação da empresa divulgar dados sobre a segurança e eficiência do seu produto. E, ainda assim, deve-se tomar cuidado com a manipulação dos resultados para não acabarmos como alguns usuários do Vioxx. (para quem deseja ver mais sobre manipulação de experimentos, recomendo que assista ao excelente filme "O jardineiro fiel", dirigido por Fernando Meirelles).

Produtos naturais

Esta é outra estratégia que beira o absurdo. Dizer que o produto é natural, à base de ervas ou totalmente orgânico é usado como forma de garantir que ele seja seguro. Um dos suplementos com a maior incidência de mortes e efeitos colaterais graves são os suplementos à base de efedrina, a qual é extraída de uma erva, a Ma Huang (Haller & Benowitz, 2000; Bent et al., 2003). Poderíamos seguir esta linha e continuar a listar diversas substâncias extraídas de ervas e que nem por isso eu as recomendaria, como a cocaína.

Marketing multi-nível (MMN)

Para diversos especialistas, esta estratégia nada mais é do uma nova roupagem da velha pirâmide. Em verdade, o MMN não é igual à pirâmide ilegal, pois tem produtos à venda e não cobra diretamente pela afiliação e nem pelo recrutamento de novos membros. Portanto, o MMN pode ser visto como uma pirâmide legalizada, apesar dos seus defensores refutarem a comparação. Muita gente se pergunta o motivo pelos quais os produtos deste tipo de empresas serem tão caros. Apesar dos representantes dizerem que é devido à alta qualidade dos produtos, a verdade é que o produto não é o verdadeiro foco do negócio e nem a fonte da suposta renda gerada pelo "sistema". A renda vem mesmo é do recrutamento de novos distribuidores. E os altos valores dos produtos servem para distribuir as comissões e arrancar dinheiro dos novatos.

No esquema de MMN, uma pessoa é recrutada como distribuidor independente ao comprar de outra pessoa, conhecida como upline. A renda vem da comissão das próprias vendas, além de bônus provenientes das vendas das pessoas que estão abaixo deles. Portanto, além de vender, as pessoas também estão sempre procurando recrutar mais distribuidores (quem nunca ouviu algo como "ganhe dinheiro em casa" ou "aumente sua renda", ou foi convidado para um lanche na casa de um amigo que, na verdade, queria mostrar uma "grande oportunidade de negócios"?).

E como relativamente pouca gente fora do esquema usa os produtos, a renda acaba vindo mesmo é do recrutamento de novos seguidores, que passam por verdadeiras lavagens cerebrais para seguir com a doutrina. Portanto, uma das principais críticas ao modelo é que a renda é gerada principalmente pelo recrutamento de novos membros, de modo que cada distribuidor é seu próprio intermediário. Um representante de uma empresa dessas nada mais é que um pregador de uma fé. Apesar de o discurso ser sobre a "qualidade" dos produtos, os verdadeiros objetivos são atrair dinheiro e recrutar pessoas para venderem/comprarem. Tanto que praticamente todos no esquema dizem que começaram como clientes, mas se encantaram com o sistema e viraram pregadores.

Na verdade, é matematicamente impossível que esse tipo de negócio prospere devido à saturação do mercado. E as pessoas são induzidas a acreditar que o fracasso é devido à sua fraqueza pessoal, pois elas não foram boas o suficiente, não se esforçaram o suficiente... e acabam sem enxergar que o próprio sistema é a causa de seu insucesso, pois sua perda é necessária para o ganho das pessoas que estão acima. Ao fazer a contabilidade de uma empresa clássica no MMN, a Amway, os dados foram chocantes. Apesar de se alegar resultados surpreendentes nas reuniões com representantes, a realidade é outra, e revela que a maior parte das pessoas se dá mal no esquema. Tanto que a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos tornou obrigatório colocar nos rótulos do produto da Amway que mais da metade dos representantes não ganha nada e o restante ganha uma média de U$65 por mês. Mas de onde vêm os cheques milionários que os uplines mostram? É simples, eles compram uma quantidade enorme de produtos em seu nome e em nome das pessoas que estão abaixo deles e recebem o cheque com a comissão em nome de todo mundo, mas deste cheque ainda deve ser subtraído o que ele pagou pelos produtos e a comissão das pessoas que estão abaixo dele, sobrando muito pouco, ou nada. A única maneira de conseguir ganhar dinheiro fácil é recrutar (alguns preferem o termo enganar) alguém abaixo de você para que essa pessoa comece a comprar, vender e depois recrute outras pessoas. Somente as pessoas no topo da pirâmide ganharão dinheiro suficiente para ter um carro importado com um enorme adesivo colado nele. Mas infelizmente a maior parte das pessoas não irá ganhar dinheiro, ou irá perder.

Discutir tecnicamente com os representantes é impossível, pois essas empresas se aproximam mais de seitas religiosas. Não se fala do produto, mas sim da empresa, que é algo como uma entidade divina e seus criadores são vistos como os próprios messias. Tanto que poucos vendedores sabem a composição ou até mesmo o nome dos produtos, só se fala o nome da "religião" e dos "santos". Pesquisas sobre o tema então nem pensar... Ciência para que? Basta ter fé, tanto que as reuniões se aproximam mais de retiros de fanáticos religiosos do que de congressos técnicos. Se os produtos funcionassem, bastaria revelar as "diversas pesquisas" e fazer propaganda sobre qualidade em vez das frases padronizadas e repetidas de modo automatizado pelos representantes.

As empresas chegam ao absurdo de prometer, apenas com um shake, ganho de massa muscular, perda de gordura e manutenção do peso. Prometem um alimento altamente energético e com poucas calorias (ignorando que caloria é uma medida de energia). Prometem diminuir sua vontade de comer sem reduzir o apetite (?!?!). Dizem que você não precisa pular refeições, mas que você deve fazer somente três refeições por dia, sendo que duas delas são apenas o shake, ou seja, você faz apenas uma refeição por dia (se isso não é pular refeições, então não sei o que é)! Não há distinção da dieta para homens, mulheres, idosos, obesos, pessoas que desejam apenas perder gordura localizada, sedentários, praticantes de atividade física... Enfim, se não houvesse uma áurea religiosa, nem a mais ingênua das pessoas acreditaria em tantos absurdos, ainda mais depois de olhar a composição dos produtos. Portanto, muito cuidado se for convidado para um lanche na casa de um amigo e lhe oferecerem uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil ou perder peso rápido.

Uma pergunta interessante realizada por Dean Van Druff (http://www.vandruff.com/mlm.html) com relação aos produtos vendidos por meio do MMN:

"Se este produto ou serviço é tão bom, então por que não está sendo vendido através dos sistemas costumeiros de marketing que tem servido a humanidade por milhares de anos? Por que ele precisa recorrer a um esquema de 'marketing especial' como o MMN? Por que todos precisam ser tão inexperientes para comercializá-lo? O produto seria apenas uma débil cobertura para na realidade um esquema piramidal de exploração?"

Para se informar melhor sobre o tema, basta jogar termos como "Marketing multi nível pirâmide" ou em inglês "Multi level markiting pyramid" no Google e vai achar textos interessantes como http://skepdic.com/brazil/amway.html e http://www.vandruff.com/mlm.html]

Ressalte-se que esta crítica não é direcionada a nenhuma empresa específica, mas sim à utilização do MMN para enganar pessoas incautas. Os representantes desta empresa conhecem muito bem as nossas fraquezas e manipulam com maestria a ganância que consome muitos de nós. Em vez de se preocupar em produzir produtos de qualidade, basta organizar o esquema de uma forma que as pessoas fiquem desesperadas para vender o produto. Muitos representantes dizem que a culpa pelas mentiras e propagandas enganosas não é das empresas, mas sim dos vendedores inescrupulosos. Eles podem ter razão. Certamente, o sistema é impulsionado pela falha de caráter de algumas pessoas, mas não podemos negar que o mecanismo do MMN dá um empurrãozinho nesse sentido e que, caso a preocupação realmente fosse com qualidade, haveria mais pesquisas e menos lavagem cerebral nessas empresas.

Conclusão

Ao longo dos anos eu venho pesquisando o tema, ministrando palestras, escrevendo textos, conversando com estudiosos, vendedores e leigos e tirando dúvidas de todo tipo de pessoa. Cada dia eu fico mais certo de uma coisa: a única forma de ter resultados é por meio de uma mudança de hábitos, a qual necessariamente envolve um programa de nutrição e atividades físicas. É possível afirmar com veemência que a forma mais segura de se alcançar isso é procurar um professor de Educação Física e um Nutricionista. Dentre as centenas de suplementos que já vi, não foi possível encontrar nem meia dúzia (literalmente) que conseguissem chegar perto dos efeitos pregados nas propagandas. Por outro lado, tive a felicidade de ver pessoas atingindo resultados surpreendentes, inclusive atletas de nível internacional, sem nem chegar perto de um suplemento. Minha recomendação é: se você vir um anúncio apelativo demais, parecendo fácil demais, tome cuidado! É muito provável que seja mentira, principalmente se tiver algum dos elementos citados nos textos. Por fim, eu tenho que lhe dar uma terrível notícia... é triste dizer isso... mas... não existe uma fórmula mágica!

A propaganda enganosa que impulsiona a venda de diversos suplementos e complementos alimentares. Espero que as informações apresentadas aqui possam ajudar a detectar algumas estratégias usadas para enganar muitas pessoas que buscam obter melhoras em sua saúde, performance e/ou estética. Quem sabe assim, menos pessoas serão vítimas de vendedores desinformados e/ou inescrupulosos e passarão a perceber quais os verdadeiros caminhos que devem ser percorridos na busca de uma boa forma física e de um organismo saudável]

A maioria de nós simplesmente não tem paciência e dedicação para alcançar os objetivos almejados por meio de um treinamento e alimentação adequados. No entanto, em vez de reconhecer estas limitações e mudar de atitude, nós acabamos nos sentindo mais confortáveis com a idéia de que não precisamos nos esforçar tanto, pois a solução pode ser encontrada em algum produto mágico. Afinal, quantos de nós têm disposição para treinar de maneira correta e intensa, com regularidade e durante um período de tempo relativamente longo? Ou quem tem disciplina para trocar frituras, doces e álcool por uma refeição equilibrada que invariavelmente é mais trabalhosa e menos saborosa, além de serem vistas como "anti-sociais"?

Aproveitando de nossa preguiça e (por que não?) de nossa vontade subconsciente de sermos enganados, as empresas de suplementos lançam regularmente novas "soluções" mágicas para quem deseja muito resultado em pouco tempo e com o mínimo de esforço. Mas infelizmente a imensa maioria desses produtos não produz os efeitos prometidos. Na verdade, a maioria não produz nenhum efeito benéfico.

Para tentar minimizar os estragos feitos pelo oportunismo de vendedores e fabricantes, o Conselho Nacional Contra Fraudes na Saúde, dos Estados Unidos, criou em 1989 uma força tarefa para produtos usados como recursos ergogênicos. O objetivo da força tarefa foi avaliar as promessas feitas pelas indústrias de suplementos, com principal ênfase nas estratégias que as empresas usam para vender seus produtos. Foram avaliadas 45 companhias que anunciavam principalmente em revistas direcionadas ao fisiculturismo e à prática de atividades físicas. A partir dos resultados obtidos pela força tarefa (Lightsey & Attaway, 1992) e das análises que tenho feito ao longo dos anos, foi possível identificar algumas das estratégias usadas pelas empresas para enganar consumidores. Dentre elas pode-se destacar as seguintes:

Má interpretação de pesquisas

Nas propagandas dos produtos, as pesquisas normalmente são retiradas de seu contexto e as conclusões são extrapoladas além do que seria honesto sugerir. No artigo de Lightsey & Attaway (1992), os autores citam o caso do Boro, o qual é proclamado como um agente anabólico com base em um estudo da USDA realizado em mulheres no período pós-menopausa. No entanto, a única evidência encontrada no estudo foi que a suplementação de boro, em dietas deficientes neste mineral, aumentou os níveis de testosterona de 0,3 para 0,6 ng/dl. A distância entre os resultados do estudo e as promessas dos suplementos é tanta que os próprios autores da pesquisa dizem que ele não pode ser usado para promover a suplementação de boro. Algumas limitações: 1) a pesquisa foi em mulheres no período pós-menopausa, 2) as participantes eram deficientes no mineral, e 3) não foi demonstrado que os aumentos nos níveis de testosterona verificados no estudo causem algum efeito anabólico ou ergogênico.

Também são conhecidos os casos de estudos sobre taurina e ginseng siberiano, ou ciwujia (até onde se sabe, nenhum deles foi publicado). Nos dois casos é relatado um aumento do VO2 devido à utilização do produto, e se afirma então que os suplementos promovam um aumento na captação de oxigênio. Entretanto, ao analisar os resultados, percebe-se que o consumo de oxigênio foi mais alto para uma mesma carga de exercício. Ou seja, as pessoas gastaram mais energia para fazer o mesmo esforço, o que pode atrapalhar o desempenho do atleta em vez de ajudar, tendo em vista que a economia de movimento é um dos principais responsáveis pelo desempenho em diversas modalidades esportivas (Faria et al., 2005a; Faria et al., 2005b; Larsen, 2003; Saunder et al., 2004).

Outro exemplo clássico são as substâncias que supostamente estimulam a liberação de hormônio do crescimento. Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que é muito fácil estimular a liberação deste hormônio, coisas simples como prender a respiração, ficar em jejum ou realizar sprints curtos já fazem o trabalho. Em segundo lugar, a maioria dos suplementos nem consegue aumentar a liberação de GH (veja o texto "Estimuladores da liberação de hormônio do crescimento - secretagogues (arginina e ornitina)" , por exemplo). Por fim, mesmo que o GH seja realmente estimulado, este hormônio não tem um efeito ergogênico ou anabólico no tecido muscular e seu efeito na redução da gordura corporal é muito reduzido (Gentil et al., 2005, veja também "GH - o que é e como atua" e "GH - mitos e verdades"). Portanto, por mais que uma pesquisa revele que determinado suplemento promova aumento nos níveis de GH, isto não significará que ele tenha qualquer efeito estético ou ergogênico.

Uso indevido do nome de Universidades e instituições de pesquisas

É muito comum se dizer que um produto foi testado em determinada universidade com intuito de dar credibilidade ao suplemento e impulsionar as vendas. No entanto, deve-se lembrar que em uma pesquisa realizada oficialmente sempre será citado o nome do pesquisador responsável e os detalhes do experimento, o que raramente ocorre nas propagandas. Na verdade, estas pesquisas "realizadas em universidades" geralmente são conduzidas da seguinte forma: solicita-se que algum membro do staff da Universidade participe de um projeto controlado pela própria empresa e se coloca o nome da instituição na farsa devido à presença do funcionário, que nem ao menos é pesquisador. Outra estratégia é usar as instalações da Universidade para fazer pequenos testes (que carecem da rigorosidade e imparcialidade dos experimentos sérios) e afirmar que os testes foram realizados dentro da Universidade. Inclusive, vale ressaltar que a maior parte das Universidades proíbe que seu nome seja usado para promover suplementos alimentares. Portanto, se algum vendedor disser que há pesquisas realizadas em determinada universidade, cobre o nome dos autores, o local de publicação e exija que lhe mostrem a pesquisa, do contrário haverá grande possibilidade de ser mais uma farsa.

Endosso por profissionais ou organizações 

Outra estratégia muito comum é associar o produto a nomes famosos, como artistas, atletas ou organizações. Basta ligar o canal de compras para perceber quantas dietas milagrosas e suplementos mágicos têm celebridades "assinando embaixo". Ou então, tenta-se dar credibilidade a um produto afirmando que ele é usado por determinadas organizações. Lightsey & Attaway (1992) citam o caso em que uma companhia afirmava que os New York Yankees usavam seus produtos, no entanto, ao saber da farsa, o famoso time de beisebol enviou uma carta à empresa exigindo imediatamente a retirada do nome do time das propagandas. A carta dizia claramente "a organização do New York Yankees não tem a intenção de endossar o uso de seu produto, direta ou indiretamente".

Em 1991, a empresa Slim-Fast publicou um anúncio de 4 páginas na revista da Associação Médica Canadense e usou um estudo do grupo de Goldbloom em suas propagandas. Revoltados com o fato, o grupo de pesquisadores publicou uma nota no mesmo jornal (Goldbloom et al., 1991) afirmando que desejavam deixar claro que não endossam estes produtos ou quaisquer outros similares. Os autores afirmaram que falta de qualquer evidência para usar os produtos é contundente, e o fato de aparecer em um jornal médico pode levar a enganos. Segundo os autores: "os adornos (do anúncio) com referências científicas apenas aumentam a confusão, e nós achamos isto particularmente irritante para ser citado em uma argumentação a favor de atitudes dietéticas"

Há inclusive empresas que contam com ganhadores de prêmio Nobel e pesquisadores de renome em suas folhas de pagamento. No entanto, simplesmente pagar alguém famoso não torna um produto eficiente, no máximo, pode torná-lo mais caro. Se o produto realmente fosse bom, não seria necessário dizer que os garotos-propaganda são pesquisadores renomados, atletas ou artistas, bastaria mostrar as pesquisas que comprovam a eficiência do produto.

Estudos em andamento e trabalhos não disponíveis para leitura do público

Normalmente as empresas dizem que há estudos em andamento para confirmar suas hipóteses. No entanto, isto raramente é verdade, tanto que tais estudos nunca aparecem. Com relação aos trabalhos não disponíveis, isto chega a ser uma ofensa aos direitos do consumidor e um paradoxo, pois não há razão para se negar acesso a um trabalho que poderia favorecer os vendedores. Se tais estudos realmente existissem, pode ter certeza que eles seriam amplamente divulgados pelos vendedores. Além disso, se os estudos estiverem em andamento, a empresa só deveria fazer propaganda após os artigos serem publicados, em vez de se basear em estudos que nem ao menos foram concluídos.

Manipulação de dados

É muito comum que a metodologia da pesquisa sofra alterações até dar o resultado desejado. Um exemplo disso é o caso do estudo de Stanko (1992), o qual usou o teste-t uni-caudal por comparar os efeitos da suplementação de piruvato entre o grupo experimental e o controle. No entanto, a estatística correta seria uma ANOVA fatorial (é até estranho entender como um artigo com uma falha tão grave foi aprovado pelos revisores de uma revista científica). Além disso, os estudos de Stanko usavam doses de piruvato de até 40g por dia (Stanko et al., 1992), sendo que os comprimidos dos suplementos normalmente oferecem cerca de 0,25 a 1 g da substância por cápsula (veja também "Piruvato").

Também são notórios os estudos sobre GH. Os primeiros autores sempre exaltavam os efeitos no ganhos de massa magra e, por conseqüência, se passou a acreditar que o hormônio teria efeito anabólico no tecido muscular. No entanto, os resultados não mostravam ganhos de massa muscular e nem ganhos de performance, mas convenientemente estas informações foram esquecidas por quem divulgava os dados (Gentil et al., 2005).

Com relação ao uso de shakes para substituir refeições, há casos bem interessantes de manipulação de estudos. Podemos pegar como exemplo um estudo de Bowermar et al. (2001). O estudo comparou dois grupos: 1) um grupo fazia uma dieta de restrição calórica e 2) outro grupo substituía duas refeições diárias por shakes comerciais. Antes de tudo, é importante destacar que o estudo foi patrocinado pela empresa que fabrica os shakes.

O estudo tem uma série de aspectos interessantes, que poderiam ser uma lista de violações de princípios de objetividade e imparcialidade científica. Primeiro o programa foi explicado aos médicos, depois os "médicos interessados" (palavra do artigo "interested physicians") foram visitados pessoalmente e ganharam um notebook (com os dados do projeto) e um aparelho de bioimpedância, ambos financiados pela empresa que fabrica o suplemento a ser testado. Em segundo lugar, quem tomava o suplemento sabia que estava passando por uma intervenção, pois ganhava o suplemento de presente. Em terceiro lugar, o estudo não foi "cego", ou seja, o médico agraciado com o notebook e o aparelho de bioimpedância sabia exatamente quem estava fazendo o tratamento e quem não estava. E este mesmo médico (pasmem!) foi o responsável por ligar para as pessoas e dar as orientações sobre como perder peso e (pior ainda!) por fazer as análises de composição corporal.

Uma olhadinha na estatística também traz dados interessantes. O teste usado para comparar mudanças (teste-t), não é considerado adequado para este tipo de experimento, por aumentar a probabilidade de erro tipo I (encontrar resultados onde eles não existem). Por curiosidade: os autores deveriam usar uma ANOVA fatorial ou algum outro teste mais adequado.
Mas a manipulação mais forte é muito mais sutil do que as anteriores. Os pesquisadores relatam que o grupo que tomou o suplemento não recebeu apoio financeiro direto, no entanto, os indivíduos receberam o suplemento gratuitamente. Agora eu pergunto: será que os resultados seriam os mesmos se o outro grupo tivesse recebido gratuitamente refeições nutricionalmente equilibradas?

Estudos anteriores verificaram que fornecer comida é até mais eficiente do que dar dinheiro para uma pessoa, se você deseja que ela perca peso. No estudo de Jeffery et al. (1994), os 202 indivíduos foram divididos em quatro grupos: 1) participaram de um programa que envolvia orientação sobre nutrição e práticas de exercício e receberam a alimentação apropriada durante o estudo, 2) participaram de um programa que envolvia orientação sobre nutrição e práticas de exercício e receberam pagamento em dinheiro pelo peso perdido e mantido, 3) combinação dos dois anteriores e 4) apenas foram solicitados a perder peso da forma como preferissem, sem nenhum tipo de orientação ou recompensa. O grupo que recebeu alimento, recebeu semanalmente refeições prontas para cinco cafés da manhã (cereais, leite, suco e frutas) e cinco jantares (carne magra, vegetais e batata ou arroz). Ou seja, nada de shakes ou barras comerciais, apenas comida de verdade! O estudo durou 18 meses e, ao final, os grupos que receberam alimento, com ou sem incentivo financeiro, obtiveram as maiores perdas de peso em relação aos demais grupos. Novamente, repare que nenhum dos grupos recebeu shakes ou barras de nenhuma empresa, apenas receberam refeições equilibradas.

Portanto, quando os autores dizem nos estudos que os sujeitos não ganharam dinheiro para participar, mas ganharam o suplemento há duas opções: ou eles estão ignorando importantes fatos científicos ou estão se fingindo de desentendidos ao aplicar uma das estratégias mais eficientes para manipulação de resultados. Isto também poderia ser traduzido da seguinte forma: ou os especialistas das empresas não são muito competentes, ou estão mentindo. Muitos acreditam na manipulação dos estudos e justamente por isso acham muito bom ter estudiosos em sua folha de pagamento, mas por outro lado isso nem sempre dá certo, pois há pessoas (como o chato aqui que assina o texto) que tem um pouquinho de conhecimento e podem apontar estes "pequenos" detalhes que constantemente passam despercebidos.

Desta forma, ao avaliar os estudos que usaram shakes para substituir refeições (Bowerman et al., 2001; Flechtner-Mors et al., 2003; Ditschuneit et al., 1999), observei sempre as mesmas limitações. Tais fatos me permitiram concluir com segurança e de forma embasada cientificamente que os resultados obtidos pela maioria dos estudos são frutos da manipulação do desenho experimental, e não da eficiência de um determinado shake. Que conste nos autos: 1) alguns estudos citados contaram com a participação de David Heber, um notório membro do comitê "científico" da Herbalife e autor do livro "The LA Shape Diet" 2) todos os estudos foram patrocinados pelos fabricantes dos shakes.

Estudos em animais

O fato dos resultados serem expressivos em animais não significa que eles se repitam em humanos. Um exemplo claro neste sentido é o CLA. Ao testar os suplementos em ratos, os resultados foram espantosos, com redução de 60% na gordura corporal e aumento de 14% na massa magra (Park et al., 1997). No entanto, os estudos em humanos não chegaram nem perto de reproduzir tais achados e acabaram mostrando simplesmente que o produto não valeria a pena, pois os resultados variavam do inexpressivo ao inexistente, além dos efeitos colaterais (Terpstra et al., 2004; Larsen et al., 2003). (Veja também "CLA (Ácido linoleico conjugado)"

Supervalorização dos resultados

Muitas vezes os resultados são expressos de modo a passar uma falsa impressão de eficiência. No caso do piruvato, por exemplo, há anúncios que alardeiam um impressionante favorecimento de 48% na perda de gordura, comprovada cientificamente. No entanto, a análise dos dados nos mostra que o grupo que ingeriu piruvato perdeu 4 quilos, contra 2,7 para o grupo que ingeriu placebo, resultando em uma diferença de pouco mais de um quilo. Estes resultados são ainda mais insignificantes se pensarmos que a média de peso dos indivíduos era superior a 100 quilos (Stanko et al., 1992). Portanto, a análise dos dados nos faz sugerir que além, da ajudinha dada pelo desenho do estudo, houve muita boa-vontade do autor (e coincidentemente o dono da patente do piruvato) para afirmar que tal suplemento seja bom.

Outro estudo divertido é um que "comprovou" a eficiência do HMB (Nissen et al., 1996). Na primeira parte do experimento, com duração de três semanas, uma amostra de homens sedentários foi dividida em três grupos: 1) ingestão de placebo; 2) ingestão de 1,5g de HMB e 3) ingestão de 3 g de HMH. De acordo com os resultados, não houve diferenças na perda de gordura nem no ganho de massa magra entre os grupos, mas os autores tiveram a boa-vontade de dizer que houve uma tendência de maiores ganhos de massa magra e ainda tiveram a cara-de-pau de mostrar os valores de significância (p < 0,11), sendo que a significância seria atingida com p < 0,05. Se os valores fossem pelo menos próximos de 0,05 seria aceitável falar em tendência, mas aí já foi demais! Os autores não relataram diferenças no ganho de força para membros superiores, mas reportaram para membros inferiores.

Na segunda parte do estudo, com duração de sete semanas, as comparações foram realizadas entre o uso de placebo e 3 gramas diárias de HMB. Ao final do estudo, não houve diferença na perda de gordura e ganho de massa magra entre os grupos. De modo similar, não houve diferença nos ganhos de força para membros superiores ou inferiores. Apesar de tantas controvérsias, o grupo de Nissen (coincidentemente dono da patente do HMB) conclui que o "principal achado do estudo é que a suplementação de HMB resulta em aumento da função muscular... esse efeito é claramente mostrado pelos aumentos na força muscular e embasado pelo aumento da massa magra nos dois estudos...". Como assim aumento de força e massa magra??? Não foi isso que os resultados revelaram... E o pior é que a partir dessas conclusões tortas, os autores já partem para as suposições de porque o HMB funciona? Mas de que adianta explicar porque ele funciona, se nem ao menos ele funciona??? (Veja também "HMB - Beta-hidroxi-beta-metilbutirato")

Também é interessante citar um estudo sobre CLA publicado em 2000 por Blankson et al. (financiado pela empresa norueguesa Natural Limited, uma grande vendedora de CLA). No estudo, 60 pessoas com obesidade e sobrepeso ingeriram CLA por 12 semanas. As dosagens diárias utilizadas foram de 1,7g, 3,4g, 5,1g e 6,8g. Ao final de 12 semanas, o que grupo que obteve os melhores resultados não chegou a perder nem 2 quilos. Ou seja, indivíduos obesos gastariam uma quantidade considerável de dinheiro para perder cerca de meio quilo por mês!! Qual seria a significância clínica, ou até mesmo estética de uma pessoa de quase 90 quilos perder 1,73kg de gordura em 12 semanas?? Outro ponto interessante: mais da metade da amostra teve problemas gastrointestinais devido ao suplemento. Quem garante que a perda de peso não foi devido a esses problemas, os quais provavelmente acabaram prejudicando a absorção dos alimentos? Além disso, é interessante notar que o grupo que ingeriu doses de 5,1g de CLA não perdeu peso, o que torna os resultados ainda mais estranhos, pois é difícil explicar como doses de 3,4 e 6,8 g trazem resultados enquanto 5,1g não traz resultados signiticativos. Mais estranha ainda é a conclusão dos autores ao dizer que "nós queremos enfatizar que os efeitos benéficos do CLA com relação à massa gorda e massa corporal magra são promissores". Realmente parece que só "querendo" para acreditar que os resultados sejam promissores. Mesmo o grupo que obteve os melhores resultados perdeu 1,73 kg de gordura ao final de 12 semanas e o único grupo que obteve aumento na massa corporal magra (o que ingeriu 6,8g por dia) conseguiu um acréscimo de míseros 0,88kg, enquanto nenhum dos outros grupos aumentou a massa magra!! Como assim promissores???


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Fonte: Veg Petrópolis

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