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julho 17, 2010

Flexitarianos, os "vegetarianos" que comem carne/peixe

Uma nova moda está sendo inventada na terra do tio sam. Um vegetariano que come carne, sim! Você leu certo, um vegetariano que come carne. Na minha época isso era chamado de onivorismo e não flexitarianos(*).
Segundo o criador (sic) deste regisme alimentar, ele é para quem gosta de coisas saudáveis mas não dispensa carnes. Uma bobagem enlatada a moda estadounidense. Se não está vendendo mais, troque o nome e a embalagem. Um princípio do marketing.
Na reportagem diz que os vegetarianos não compactuam deste absurdo. Como podem ver, eu também concordo que isso é a maior bobagem que alguém pode pensar.
O termo vem de vegetarianos com flexíveis. Um total flex alimentar, o que os antigos chamavam de come tudo.


Carnívoros &  Flexitarianos

A matéria de capa do semanário alemão Der Stern, de 27.5.10, Nº 22, saiu com a manchete: “Comei Menos Carne!”.
No subtítulo vinha: “O que o consumo de (carne em) massa está provocando na Alemanha”. O artigo começava assim:

O preço é barato, mas a carne é fraca. Todos os dias comemos carne de gado, frango e porco. Porque quase nada custam. À primeira vista. Na verdade o preço é enorme. Pessoas, animais e meio ambiente pagam caro por esta insaciabilidade. Está na hora de mudar.”

Mais de 50 bilhões de animais são abatidos anualmente em todo o mundo. Os rebanhos ocupam uma quarta parte dos continentes. De acordo com estudos, eles causam de 18 a 51 por cento das emissões responsáveis pelo efeito estufa. Bem mais do que as geradas pelos carros.

A produção de um quilo de carne consome 15 mil litros de água. Os dejetos dos animais contaminam o solo, rios, lagos e mares. Para alimentá-los, usa-se uma parafernália farmacêutico-química, derrubam-se florestas e cultivam-se monoculturas, inclusive geneticamente manipuladas.

Segundo um estudo norte-americano, o número global de obesos, um bilhão, já superou o de subnutridos, 800 milhões! E se o desenvolvimento continuar nesse ritmo, a produção mundial de carne irá dobrar até 2050, chegando a 465 milhões de toneladas por ano.

No Brasil, de acordo com lenvantamento feito pelo Ministério da Saúde e publicado no Estadão, “Quase metade dos brasileiros têm excesso de peso. (…) A proporção de pessoas nessa situação subiu de 42,7% para 46,6% entre 2006 e 2009.”

E tudo para quê? Para melhorar a qualidade de nossa alimentação? Ou para aumentar os lucros dos produtores e do agronegócio? – “De janeiro a maio deste ano as exportações do agronegócio sul-mato-grossense atingiram US$ 879.277.517, aumento de 50% comparado aos (…) do mesmo período de 2009.”

O consumo per capita de carnes nos EUA aumentou mais de 60% de 1909 a 2008. Dos três tipos de carne, bovina, suína e de frango, foi o consumo per capita da carne de frango que mais aumentou: 540% em 100 anos!

Hoje, os norte-americanos consomem, num só dia, tanta carne de frango quanto consumiam num mês na década de 30 do século passado! O Brasil é o 4º maior consumidor de frango per capita. O maior é o Kuwait, com 72,5 kg por pessoa/ano. Na Índia, é só 2,2 kg por pessoa/ano!

Segundo a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, “29% das 3.130 amostras de 20 alimentos apresentaram irregularidades, como ingredientes ativos não autorizados e resíduos de agrotóxicos acima do permitido”.

A discussão global sobre o tema já gerou até uma nova espécie de consumidor, o flexitariano. Trata-se de um eufemismo para descrever vegetarianos ocasionais, ou seja, inconsequentes. Evitam consumir peixe e carne, mas de vez em quando não resistem.

Na Alemanha, segundo a revista Stern, 1,6 % da população é vegetariana. São 1,3 milhões dos cerca de 82 milhões de habitantes. Em 2009, os 80,7 milhões de “carnívoros” consumiram 39 quilos de carne suína por pessoa, 11 quilos de frango e quase 9 quilos de carne bovina. Isso dá, sem osso, 162 gramas por pessoa/a. Bebês e idosos incluídos.

Os alemães consomem tanta carne porque é barata. Em 1960, eles tinham de trabalhar 2 horas e 37 minutos para comprar um quilo de bife de porco. Hoje, só meia hora. Um quilo de frango, há 50 anos, lhes custava duas horas e 13 minutos de suor. Hoje, só 13 minutos.

A Alemanha sempre foi famosa por seus carros, suas salsichas e frios. Mas enquanto a indústria automobilística mantém um alto padrão tecnológico, a carne produzida no país, segundo a Stern, é de baixíssima qualidade. As causas são óbvias.

Até 1960, os colonos alemães criavam seus animais “naturalmente”, visando a qualidade do produto. Hoje, na produção moderna de carne, “idealizada” nos EUA, os bichos tornaram-se puros objetos de engorda.

De 100 animais consumidos no país, 99 não viveram. Foram engordados! Um pinto industrializado aumenta 30 vezes o peso do seu corpo em 4 semanas. (Se um ser humano fosse alimentado do mesmo jeito, aos três anos já estaria pesando 90 quilos!)

Um porco de 90 quilos, pela lei alemã, precisa dispor de tão somente 75 por 100 centímetros de espaço para “viver”. Os frangos sofrem ainda mais: só lhes cabe o equivalente à meia folha A4. Se as pessoas vissem como são criados e abatidos os animais, perderiam o apetite.

Nessas prisões de engorda, os bichos não atingem seu peso ideal sem fármacos. Na terra da “bratwurst”, eles “consomem” o dobro de antibióticos que a própria população. E a maioria dos “carnívoros” teutônicos já é imune – “naturalmente” – aos antibióticos.

A questão não se reduz, é claro, só à Alemanha. Trata-se de um fenômeno global. Por isso, quem tem um pouco de amor-próprio deveria reavaliar seu consumo de carne. Mais ainda, quem tiver conscientização ecológica. Mas o ideal mesmo é fazê-lo por respeito à vida dos animais.

Leia mais em Carta Capital.24.06.2010 – O Pecado da Carne: “Maior “vilã” do clima, a pecuária busca maneiras de crescer sem desmatar e com menos emissão de gases que causam o efeito estufa”.



Divididos entre carnes e verduras surgem os flexitarianos
Paulistana dá preferência aos vegetais, mas não separa o bacon da farofa.
"Segunda-feira sem carne" é nome de campanha que acontecerá em SP.



Ampliar FotoFoto: Claudia Silveira/G1

A química Maria Rosa Alcântara costuma ir a restaurante vegetariano por gostar da comida, mas não deixa de comer carne (Foto: Claudia Silveira/G1)

A estudante Paula Mikami, de 30 anos, não come carne no dia a dia porque o gosto não lhe agrada, mas não se considera vegetariana. Isso porque, de vez em quando, Paula come frango e peixe, dependendo da necessidade, da companhia e das opções de comida que ela tem na ocasião. Por causa desse hábito alimentar, Paula é uma flexitariana, ou “quase vegetariana”, o que quer dizer que ela - de certa forma - segue a dieta vegetariana, mas de forma flexível, sem rigidez no que pode ou no que não pode comer. 

Apesar do nome estranho, a explicação é simples: flexitarianos são aqueles que seguem a dieta vegetariana, mas se permitem comer carne de vez em quando. “Eu não tenho vontade de comer carne, eu como pela ocasião mesmo. Se estou em uma feijoada, por exemplo, e a farofa tem bacon, eu não vou separar. Eu como numa boa”, exemplifica a estudante. 



A reportagem encontrou a química Maria Rosa Alcântara, de 48 anos, almoçando em um restaurante vegetariano na região dos Jardins, em São Paulo. Ela conta que vai ao local, ao menos, três vezes por semana. “Eu adoro comida vegetariana, como por prazer, mas se vou a um churrasco, como picanha vermelhinha, o que for”, diz a química, que conta comer carne, no máximo, duas vezes por semana.

A gerente do restaurante vegetariano Apfel Bistrô, Letícia Bressan, observa que o número de clientes como Maria Rosa tem crescido de uns tempos para cá. “Acho que as pessoas estão perdendo um pouco do preconceito com relação à comida vegetariana e estão procurando os benefícios de uma comida saudável”, diz Letícia, que nunca tinha ouvido falar em flexitarianismo, mas acredita que há muito gente flexitariana por aí. 
De onde veio
Há algum tempo se fala em flexitarinismo. A palavra foi “criada” na década de 1990, nos Estados Unidos, e só recentemente se tornou conhecida entre os que lidam com dietas e alimentação ou que se preocupam com um estilo de vida saudável.

Foi a norte-americana Dawn Jackson Blatner, especialista em alimentação e autora do livro “The flexitarian diet” (em tradução livre, “A dieta flexitariana”), quem popularizou a dieta e a levou para as prateleiras das livrarias. “Todos nós somos flexitarianos em algum grau”, dispara a autora.

No livro, não editado no Brasil, a médica especialista em dietas cita pesquisas e afirma que os flexitarianos pesam 15% menos que os “carnívoros”, têm menos problemas de diabetes, câncer e ataques cardíacos, e ainda vivem 3,6 anos a mais.

“Esse é uma nova forma de comer que diminui a quantidade de carne sem excluí-la completamente. Você tem os benefícios da dieta vegetariana na saúde sem ter de seguir regras severas”, argumenta a autora, que lançou recentemente uma nova edição do livro e, desde então, não para de viajar para lançá-lo em outros países.  

Ampliar FotoFoto: Divulgação

Flexitarianos seguem uma dieta vegetariana com flexibilidade (Foto: Divulgação)

"Flexitarianos são diferentes de um carnívoro moderado ou de um onívoro, por isso, precisavam ter um nome próprio. Flexitarianos acordam todos os dias com a intenção de comer mais vegetais", justificou a autora ao G1.
Segunda sem carne
Para os que acham a idéia de diminuir a carne no dia a dia uma ideia pertinente, uma segunda-feira pode ser um bom dia para começar. Ou então, um dia para abolir de vez.

Essa é a proposta da Sociedade Vegetariana Brasileira na campanha "Segunda sem carne". O movimento vai concentrar suas ações no sábado, dia 3 de outubro, no Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. O mote da campanha é "Pelas Pessoas. Pelos Animais. Pelo Planeta".
Meio ambiente
A preservação do meio ambiente também é apontada pela autora como uma das vantagens de diminuir a carne no dia-a-dia, pois “uma dieta vegetariana emite menos carbono” que as dietas tradicionais.

Esse é um dos argumentos usados pelo consultor de negócios em informática Marco Antonio de Nápoli, de 55 anos, quando conversa com amigos sobre o seu hábito de não comer carne no dia a dia. ‘Se cada ser humano reduzir o consumo de carne vermelha para uma vez por semana, o impacto no meio ambiente se tornaria significativo”, defende.

Na dieta de Nápoli, predominam folhas, legumes, frutas e cereais integrais. Tanto em casa como na rua, ele dá preferência a pratos vegetarianos, mas nem sempre é possível se sustentar com as opções dos restaurantes e self services que ele tem quando vai almoçar a trabalho.

“Principalmente quando passo três, quatro dias almoçando fora por causa do trabalho. Não há muitas opções de comida natural por aí”, diz o consultor, que aboliu a carne vermelha do cardápio há 25 anos, mas come frango e peixe “de vez em quando”. “Sou flexitariano por causa da necessidade”.

Para a socióloga Marly Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, quem segue o flexitarianismo adota uma postura “cômoda” em relação à alimentação.

“Eu respeito a opção de casa um. Às vezes, fico um pouco perplexa por as pessoas não tomarem decisões mais drásticas e pararem de comer carne de uma vez. Mas isso é algo bem pessoal”, diz. 

Mesmo assim, ela acredita que a idéia de diminuir carne no dia a dia é válida, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente.

Cuidados
Mas não é porque a dieta flexitariana soa atraente do ponto de vista da saúde que dá para restringir a ingestão de carne uma vez por semana, por exemplo.

“É preciso ter o acompanhamento de um nutricionista porque essa mudança vai mexer com a quantidade de nutrientes ingeridos. É preciso equilibrar”, alerta a nutricionista Renata Maria Padovani, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O problema não é tanto a proteína, mas os micronutrientes que estão na carne, como o ferro. Dessa forma, mudar a dieta precisa ter um objetivo, seja cuidar da saúde ou proteger o meio ambiente.

Se a mudança for somente para perder peso, é melhor pensar em outras alternativas. “Às vezes, a pessoa se engana ao achar que, seguindo uma dieta vegetariana, ela vai emagrecer”, diz a nutricionista. "Não é bem assim, há comidas vegetarianas que são muito calóricas e podem engordar".

O que é preciso entender é que vegetariano é uma coisa e flexitariano é outra. A quantidade de carne no dia a dia vai depender da fome e da vontade de cada um. 


(*)Flexitarianismo
Flexitariano trata-se de um acrónimo que funde os conceitos “vegetariano” e “flexível”, uma nova tendência nutricional que se aplica a quem privilegia a ingestão de alimentos vegetais, mas permite pequenas concessões como comer também peixe, e até, esporadicamente, uma porção de carne.
Os flexitarianos são geralmente pessoas motivadas para o vegetarianismo, por razões de saúde, ecológicas ou económicas. Em casa preparam apenas pratos vegetarianos, mas fora de casa, por exemplo num churrasco ou jantar em casa de amigos, não pedem uma ementa vegetariana especial e consomem carne ou peixe.

O termo flexitarianismo foi usado pela primeira vez em 17 de Outubro 1992 no jornal Austin American-Statesman. Nesse número, a jornalista Linda Anthony escreveu um artigo intitulado «Acorn serve comida vegetariana». O artigo tratava da recente abertura do novo Café Acorn e assinalava que a proprietária, Helga Morath, denominava a sua comida de “flexitariana”. O termo, entretanto, difundiu-se noutros países, nomeadamente em Espanha, Itália e Brasil. Não é ainda usado em Portugal, sendo a designação mais próxima a de semi-vegetarianismo. No entanto, em Setembro 2006, a revista Prevenir apresentou um pequeno artigo em que dava conta deste novo conceito, considerando o flexitarianismo a nova alimentação verde.

Em 2003, a American Dialect Society votou flexitariano como a palavra mais útil do ano, e definiu-a como “um vegetariano que ocasionalmente come carne”.
Refira-se que muito poucas pessoas consideram que são flexitarianas, e que as organizações vegetarianas não aceitam esta dieta como um tipo de vegetarianismo.

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