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maio 08, 2010

Dia das Mães, ponto



Vanguarda Abolicionista - Marcio de Almeida Bueno


Se o Dia das Mães – aquela mesa arrumada, todos com fome – serve para comemorar a ligação afetiva entre fêmeas e seus filhotes, é porque se reconhece esta união mesmo após o rompimento do cordão umbilical. No entanto, os animais que são vistos por muitos justamente como seres ‘instintivos, ponto’, não recebem esse benefício do reconhecimento de uma afinidade maior e muitas vezes longa entre mãe e filho. Pela lupa míope do especismo, a mãe humana é sagrada – inclusive com desdobramentos religiosos – e recheada de virtudes, cabendo aos adoradores manter a escravidão e morte de mães não-humanos que, por azar, foram elencadas como ‘de serventia’.
Então a compreensão se divide em duas, sendo correto pensar que comparar mãe e filho com porca e porquinho, é ofender a humana. Vaca, cadela, galinha, porca, égua, macaca – comumente usados no linguajar chulo para rebaixar a mulher, e se aplicado à mãe de alguém pode redundar em briga ou processo por danos morais, tão em voga atualmente.
Mas o cuidado é o mesmo, o sentimento, a dor pela separação, o terror da morte, a defesa incondicional. E não, não vou arrolar casos de mães que jogam bebês na lata de lixo, que silenciam e não percebem o abuso dos filhos por padrasto etc – porque o objetivo aqui, senhores chatos veganofóbicos, não é diminuir ninguém. Isto já é feito há milênios pela humanidade tola e tosca, colocando os animais lá embaixo, os Morlocks que Deus-alguma-coisa enviou para servir os que são iguais a si – o que abre dúvidas em relação à empatia para com o sofriemnto alheio. Mas esta é outra conversa.
A idéia é equiparar aqueles que, sencientes, percebem no filhote um semelhante que, por enquanto, necessita da proteção, alimentação vital e olho atento, enquanto a idade adulta não chega. Há diferenças, claro, como em tudo que existe, e diferença nunca foi motivo suficiente para se aceitar a submissão e o ‘poder fazer à vontade’. Prova é que foram caindo, um a um, os alicerces do preconceito contra estrangeiros, negros, mulheres, crianças, infiéis, indígenas, homossexuais, portadores de deficiência mental. Todos eles diferentes, na aparência, do “macho adulto branco sempre no comando” – Caetano Veloso – que, vejam só, cunhava nas tábuas da verdade as leis ditadas pela divindade, compulsória para todos, e obviamente dura lex para quem estivesse abaixo do legislador.
Hoje são os animais não-humanos, que nada podem fazer contra as leis que regulam, autorizam, normatizam sua exploração, sua criação, abate, testes científicos, ‘lazer’ cultural/tradicional, puxar-lhe leite, puxar-lhe ovos, esfolar, capturar com anzol ou sufocamento, confinar, manter em jaulas ou gaiolas, viviseccionar, dar tiros, obrigar a cumprir trabalhos forçados – e o que mais a imaginação humana inventar como capricho, enquanto não é proibido.
Então o Dia das Mães, como outras datas, celebra o egoísmo de uma espécie, que ultraja as demais, e ainda sacraliza as que geram filhotes – desde que seja dentro dos limites da espécie. Fora dela, vaca ou cadela ‘é puta, ponto’.
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